Bloco ataca direita com relatório técnico sobre Novo Banco - TVI

Bloco ataca direita com relatório técnico sobre Novo Banco

  • Sofia Santana
  • 30 set 2015, 23:53

Porta-voz do Bloco de Esuqerda questionou por que é que foi preciso tanto tempo para perceber que "o défice é real"

O aumento do défice do ano passado após o buraco do Novo Banco voltou a estar no centro das acusações de Catarina Martins à coligação Portugal à Frente. Desta vez, o que esteve em causa foi o relatório técnico da Comissão Europeia, divulgado esta quarta-feira, que conclui que eventuais perdas futuras do Novo Banco poderão ser suportadas pelos contribuintes portugueses, A porta-voz do Bloco questionou, esta quarta-feira, por que é que foi preciso tanto tempo para perceber que "o défice é real". "O défice é dívida pública, é a despesa posta às costas dos contribuintes".

A sala do Incrível Almadense, em Almada, estava cheia para o comício do Bloco de Esquerda na noite desta quarta-feira. A porta-voz do Bloco subiu ao palco para atacar a direita e dois pontos ganharam destaque: o relatório técnico de Bruxelas sobre o défice provocado pelo Novo Banco e os números mais recentes sobre a emigração.

Em relação ao défice, Catarina Martins começou por dizer que "a direita tem um aliado poderoso que é a Comissão Europeia".  "Quando é preciso salvar a austeridade a Comissão Europeia vem sempre em recurso do Governo", atirou.

A candidata às legislativas vincou que tanto o Governo, por Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho, como a Comissão Europeia, pelo seu vice-presidente, reiteraram que o défice de 7,2% era apenas um "dado contabílistico", mas que agora se "chegou à conclusão" de que "aqueles 4,9 mil milhões de euros" são "dívida pública".

"Vieram-nos dizer que o défice não era problema. Hoje foi conhecido o relatório técnico, que diz que o défice de 7,2% é o que lá está escrito, Chegou-se à conclusão que aqueles 4,9 mil milhões de euros são de facto dívida pública. É a despesa posta às costas dos contribuintes, que em seis anos foram chamados a pagar seis bancos e por muito que nos digam que é contabilístico sabemos nas nossas vidas como saiu sempre das carteiras de quem trabalha""

Os dados publicados pelo Observatório da Emigração, esta terça-feira, segundo os quais em 2013 e 2014 houve uma estabilização do fenómeno em 110 mil saídas por ano foi outro dos temas que serviu a mira de Catarina Martins. A porta-voz do Bloco rejeitou o termo "estabilização" para dizer que "quando se aceita esta retórica" está-se a aceitar "o esvaziamento de gente".

"Os títulos das notícias dizem que a emigração estabilizou em 110 mil por ano. Desculpem? Há alguma estabilidade para um país que perde 110 mil pessoas por ano? Quando aceitamos esta retórica estamos a acietar a ideia de um esvaziamento de gente. Não aceitamos a estabilização."


Por isso, a dirigente bloquista destacou que o partido "é contra a normalização da  desistência".

"Alguma coisa a austeridade faz para nos dizermos que o nosso país não tem futuro. É contra a normalização da desistência que estamos nestas eleições. Não desistimos desse futuro."

 

"Bloco defende democracia com firmeza, PS tem dias"


Antes da intervenção de Catarina Martins, Fernando Rosas e Joana Mortágua fizeram vibrar os apoiantes do partido em Almada.

Primeiro Fernando Rosas, que respondeu às críticas do PS. O fundador do BE não tem dúvidas quanto ao que separa os dois partidos. "O Bloco de Esquerda defende a democracia com firmeza, o PS tem dias.

"Ouvi Carlos César dizer que votar no Bloco de Esuqerda é votar na direita. Não me admira a acusação, mas a falta de pudor que ela reveste."

As palavras de Fernando Rosas surgem depois das declarações do presidente do PS, Carlos César, não terem caído bem entre os bloquistas. O socialista afirmou que o voto no BE era apenas útil para a direita.

Rosas recordou ainda o desafio deixado por Catarina Martins a António Costa e sublinhou a ausência de resposta à dirigente do Bloco. "O Partido Socialista recusou-se a dar resposta à proposta de compromisso que Catarina apresentou."
 


Maria Luís Albuquerque, a "realizadora de filmes"


Já a cabeça de lista por Setúbal, Joana Mortágua, usou muitas metáforas e uma boa dose de ironia, num registo que, de resto, tem sido habitual nos seus discursos, para criticar a coligação Portugal à Frente.

Joana Mortágua referiu-se a Maria Luís Albuquerque, cabeça de lista neste distrito pela PàF, como a "realizadora" de uma "trilogia" de filmes: "A Senhora das Swaps", "Venda do Novo Banco - Missão Impossível 3" e agora "Querido Encolhi o Défice"."

A candidata a deputada serviu-.se ainda da polémica com a alteração de contas na Parvalorem para dizer que o Governo é como "a orquestra que toca alegremente enquanto o Titanic afunda".

"Nem tudo o que eles roubam serve para tapar os buracos do navio que estava encalhado. São como a orquestra que toca alegremente enquanto o Titanic afunda."

Joana Mortágua falou em "ditados populares" seguidos pela direita, como "devagar se vai ao longe" ou "quem espera sempre alcança", para condenar as políticas do atual Executivo.

Pelo meio citou um poema de António Aleixo, "Não acho maior tortura / Nem nada mais deprimente / Que ter de chamar fartura / À fome que a gente sente", e uma música do brasileiro Chico Buarque, "Está provado, quem espera nunca alcança".

O comício também ficou marcado por duas intervenções externas: um homem interrompeu Fernando Rosas para gritar que foi agredido numa ação de campanha do PS e uma mulher, mal Catarina Martins subiu ao palco, atirou que tinha muito orgulho em ver a porta-voz do BE na televisão.
 
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