No final da reunião da Mesa Nacional do BE que aprovou por unanimidade a candidatura presidencial de Marisa Matias, Catarina Martins recordou que, na última Convenção Nacional, ficou decidido que o BE poderia "apoiar uma candidatura de convergência à esquerda" ou "promover uma candidatura própria".
"Aqui chegados, e analisado o quadro das candidaturas presidenciais apresentadas até agora, o que registamos é que não apareceu à esquerda nenhuma candidatura suficientemente abrangente ou mobilizadora que pusesse em causa uma eventual vitória à primeira volta da candidatura da direita", afirmou a porta-voz do BE.
Catarina Martins ressalvou que "a decisão de avançar com uma candidatura de espaço próprio não tem nem a ver com os resultados das legislativas, nem é nenhuma crítica às candidaturas que existem no espaço da esquerda".
"Agora, é o reconhecimento de que não está a existir a mobilização necessária para esta campanha. O BE pode dar esse reforço necessário de mobilização", considerou, argumentando que, nas eleições presidenciais, "quanto mais mobilização existir, mais provável é a existência até de uma segunda volta".
Interrogada sobre por que motivo BE e PCP não lançaram uma candidatura conjunta às presidenciais, Catarina Martins respondeu que o seu partido "teria considerado interessante a existência de uma maior abrangência", mas salientou isso não estava somente nas suas mãos.
"Essas condições não dependiam só do BE. Não existiram, era o que mais faltava que o BE faltasse à responsabilidade de ter uma campanha mobilizadora, com os temas que interessam", defendeu.
Elogiando a experiência nacional e internacional de Marisa Matias, Catarina Martins disse não poder esconder "uma enorme felicidade" ao comunicar que a eurodeputada do BE "aceitou fazer esta campanha, este percurso, esta batalha".
Na resolução hoje aprovada pela Mesa Nacional do BE, é atribuído ao social-democrata Marcelo Rebelo de Sousa, que apresentou a sua candidatura presidencial a 09 de outubro, uma "vantagem de notoriedade que um hegemónico espaço televisivo lhe tem proporcionado".
O BE alega que Marcelo "representa o PSD e os grandes grupos económicos, bem como o conservadorismo que se opôs a conquistas essenciais de direitos humanos como a despenalização da interrupção voluntária de gravidez" e considera que a direita é "a grande favorita nestas eleições".
No mesmo sentido, Catarina Martins declarou que o BE tem "uma candidatura própria" porque não quer "estender uma passadeira vermelha a um comentador televisivo com posições retrógradas e de direita".
A porta-voz do BE apontou Marisa Matias como "uma voz da defesa da democracia, da justiça e dos direitos humanos, que saberá pôr com clareza os temas que importam nestas eleições presidenciais", como os acordos internacionais não sufragados e a corrupção.