"De facto, o que está hoje em causa não é um acordo sobre onde é que que a Grécia vai ter, ou não, dinheiro para pagar as suas dívidas; o que está hoje em causa é, tão e somente, se há lugar para a democracia na Europa, ou se a Europa é um lugar da ditadura da finança"
O Bloco de Esquerda tinha louvado, na semana passada, a proposta da Grécia para "romper com a austeridade" e até disse que o Governo português devia "corar de vergonha".
Essa proposta não só não foi aceite, como o bloqueio nas negociações e o anúncio, pelo Governo do Syriza, de um referendo, levaram a que os bancos não abram nos próximos dias, no país.
Os levantamentos de dinheiro estão limitados a 60 euros por dia, até 7 de julho. O referendo tem lugar no dia 5, havendo já pergunta formulada sobre a proposta dos credores, que não foi ainda traduzida para grego.
No domingo, Catarina Martins classificou a realização da dita consulta popular na Grécia como "um momento histórico".
Quem acusa o Governo de Alexis Tsipras de ser irresponsável por ter recusado as imposições das instituições europeias tem resposta pronta do BE:
"Irresponsabilidade foi levar a dívida grega a mais de 200% do PIB (Produto Interno Bruto), irresponsabilidade foi ter 60% de desemprego jovem na Grécia, irresponsabilidade foi ter excluído três milhões de pessoas, na Grécia, do acesso aos cuidados mais básicos de saúde. E tudo isso foi feito pelos governos de direita e pelos socialistas na Grécia, parceiros de Jean Claude Juncker", concluiu a porta-voz bloquista, em declarações citadas pela Lusa, depois de uma visita à fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela.
Por outro lado, e voltando às privatizações em território português, Catarina Martins a cusou o Governo português de fazer "privatizações ao desbarato".
"O relatório do Tribunal de Contas diz-nos que a venda da REN e da EDP foi feita ao desbarato, ou seja, foi feita muito abaixo do seu valor, e que, em 15 anos, quem comprou a EDP e a REN já terá ficado com os dividendos de todo o seu investimento. Ou seja, o Estado perdeu dinheiro, terá perdido cerca de dois mil milhões de euros", disse.
"E hoje, quando sabemos que o Governo está a tentar vender a TAP e a concessionar a privados os transportes coletivos de Lisboa e Porto, com o mesmo tipo de contratos não transparentes, que todos saibam que o que está em causa é, exatamente, continuar o assalto ao país, com intermediários que ficam indevidamente com dinheiro, com contratos que são lesivos do interesse público, com o país refém de privados, porque nem sequer há sanções para obrigar a cumprir os cadernos de encargos", acrescentou.