OE2021: PS acusa Bloco de "irresponsabilidade" ao sugerir nova proposta orçamental - TVI

OE2021: PS acusa Bloco de "irresponsabilidade" ao sugerir nova proposta orçamental

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  • 20 out 2020, 15:52

Líder parlamentar socialista reagiu às declarações de Catarina Martins, que colocou o cenário de o Governo apresentar uma segunda proposta de Orçamento para 2021, caso a que a que foi entregue no parlamento chumbar já na generalidade

O PS acusou esta terça-feira o Bloco de Esquerda de irresponsabilidade ao sugerir ao Governo uma nova proposta de Orçamento, antes mesmo do processo de especialidade, mas considerou positivo que os bloquistas já recusem uma gestão por duodécimos.

Estas posições foram transmitidas pela líder parlamentar socialista, Ana Catarina Mendes, em conferência de imprensa, na Assembleia da República, depois de a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, em entrevista à Rádio Observador, ter colocado o cenário de o Governo apresentar uma segunda proposta de Orçamento para 2021, caso a que a que foi entregue no parlamento chumbar já na generalidade, no próximo dia 28.

Foi com estranheza que ouvi a líder e coordenadora do Bloco de Esquerda pedir ao país, como se de uma coisa simples se tratasse, para que o Governo apresente um novo Orçamento. Ora, durante meses e meses, o Governo negociou esta proposta, que entrou na Assembleia da República na semana passada, com todos os parceiros políticos dos últimos cinco anos", declarou Ana Catarina Mendes.

A presidente do Grupo Parlamentar do PS considerou depois que a ideia de Catarina Martins de sugerir uma nova proposta de Orçamento, além de ignorar que o documento em cima da mesa é resultado de vários meses de negociações, "representa também uma irresponsabilidade, porque se torna impossível fazê-lo".

"E torna-se impossível fazê-lo porque as reivindicações feitas pelo Bloco de Esquerda estão consagradas na proposta de Orçamento", sustentou, antes de apontar como exemplos o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da proteção social dos desempregados, e a garantia de que o Fundo de Resolução "não terá dinheiro público".

Por isso, de acordo com Ana Catarina Mendes, a atuação do Bloco de Esquerda "está a revelar-se impossível e irrealista", causando ao PS, do ponto de vista político, "imensa estranheza".

"Estamos a horas de voltar à mesa das negociações com o Governo, incluindo o Bloco de Esquerda. Como bem sabe o Bloco de Esquerda, a proposta de Orçamento tem um período de especialidade e está ainda aberta a um conjunto de negociações", referiu a presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Perante os jornalistas, Ana Catarina Mendes invocou o teor da entrevista dada à TVI pelo primeiro-ministro na segunda-feira à noite, em que António Costa disse que não viraria as costas ao país e que não contribuiria para uma crise política em cima de uma crise sanitária e económico-social.

Ouvi também Catarina Martins dizer com um ar inquieto que era impensável o país ficar a ser governador em duodécimos [em 2021]. Isso causa-nos alguma satisfação, porque parece que o Bloco de Esquerda abandonou essa mesma ideia lançada por José Manuel Pureza no final de setembro. Nessa altura, ele não via qualquer problema numa governação com base em duodécimos", apontou a presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Depois de fazer um apelo à viabilização à esquerda da proposta do Orçamento do Estado, Ana Catarina Mendes aludiu à atual conjuntura de subida do desemprego, mas também à evolução da pandemia de covid-19 em Portugal ao longo das últimas semanas.

"Nenhum de nós ignora que o número de doentes e de infetados está a aumentar. Isso exige o reforço do SNS", frisou a líder da bancada socialista, antes de deixar novo protesto em relação à atuação política do Bloco de Esquerda, partindo do facto de estar marcada para esta noite uma reunião entre a direção dos bloquistas e o primeiro-ministro.

Não deixa de causar de estranheza que a poucas horas de ser retomado o processo negocial o Bloco de Esquerda consiga inventar à última hora a necessidade de ser encontrado um novo Orçamento, quando sabe bem que a proposta que está em cima da mesa é suscetível de negociação em sede de especialidade", criticou.

Na conferência de imprensa, Ana Catarina Mendes recusou-se a comentar se o primeiro-ministro se deve ou não manter em funções se a proposta de Orçamento for chumbada, ou se considera a hipótese de a proposta ser viabilizada pelo PCP, PAN e PEV, mas sem o Bloco de Esquerda.

Ana Catarina Mendes, no entanto, adiantou que o Grupo Parlamentar do PS vai reunir-se sobre o Orçamento do Estado para 2021 com o ministro de Estado e das Finanças, João Leão, na quinta-feira, pelas 18:30.

 

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