Os gritos de "revolta" e o fã de "extrema-direita" de Mortágua - TVI

Os gritos de "revolta" e o fã de "extrema-direita" de Mortágua

  • Sofia Santana
  • 24 set 2015, 17:27

Arruada do Bloco de Esquerda partiu da Praça Paiva Couceiro e desceu a Rua Morais Soares, em Lisboa

Ao avistar a caravana do Bloco de Esquerda e o aparato de câmaras e jornalistas a descer a Rua Morais Soares, em Lisboa, José Lemos gritou, alto e bom som: "Sou um revoltado."

Estava ali a trabalhar, pois é encarregado na empresa de construção civil que está a repavimentar a estrada daquela rua, mas não hesitou em demonstrar aquilo que lhe vai na alma. A revolta, explicou, deve-se a "este Governo", que apelidou de "corrupto". Depois, há desilusão. Em relação "ao povo deste país". 

Já votou no PS, já votou na CDU. Agora, diz que vai votar Bloco. Porquê? "São diretos e objetivos." E Catarina Martins é uma mulher "frontal". Palavras que teve a oportunidade de dizer, cara a cara, à porta-voz do partido.

Os bloquistas tinham arrancado há poucos minutos da Praça Paiva Couceiro, onde alguns idosos jogavam às cartas, alheados em relação ao que estava a acontecer à sua volta. Mariana Mortágua e Pedro Filipe Soares, os números um e dois por Lisboa, lideravam a comitiva, ao lado de Catarina Martins. Eram cerca de 13:00.
 
Não foi preciso muito tempo para a economista, que se tornou estrela do partido com o desempenho na Comissão de Inquérito ao BES, encontrar um fã. E logo de "extrema-direita". 
 

"Sou de extrema-direita. Voto sempre no PSD e não minto."


Apesar da inclinação política mais à direita, este fã de alguma idade, que preferiu não revelar o nome, foi logo ter com Mariana, mal a viu, para lhe dizer o quanto a admira.
 

"Quando a vejo na televisão digo sempre: aquela menina é nova na política, mas sabe aquilo que diz. Sou de outro partido, mas isso não invalida que não goste das pessoas."


Talvez por isso, confessou que ainda não sabe para que lado vai inclinar a caneta no momento de votar.

Do outro lado da estrada, o sol iluminava os prédios e apontava sinais à caravana do Bloco: uma mulher à varanda, de braço erguido, acenava com determinação.

Alguns metros mais à frente, outra mulher: mãe, de três filhos. Com 43 anos, Ana Alves, auxiliar de ação educativa, demonstrou toda a insatisfação que sente em relação ao estado do país. Os salários que são baixos, as contas que só aumentam, as despesas na educação dos filhos e a impotência no meio de tudo isto.

"O que faço com três filhos neste país? Dizem que a população está envelhecida, mas não há meios para ter crianças. Farto-me de trabalhar e de fazer sacríficios."


A comitiva descia e as palavras de incentivo repetiam-se: "Força", "Boa sorte". Pelo meio, uma questão que marcou a arruada. Miguel Simas, um jovem açoriano de 18 anos que se dirigiu a Catarina Martins para lhe perguntar por que razão a oposição só sabia dizer mal do Governo e nunca reconhecia o que foi feito de bom. A prota-voz do partido não ficou atrapalhada.

"O Bloco tem estado todos os dias em sítios que são o exemplo do que funciona bem no país. O Bloco é o partido que consegue mais convergências e que faz passar mais leis na Assembleia da República."

Via-se, por fim, a Praça do Chile. Aí criticou-se o défice, a Comissão Europeia e o PS. A arruada estava terminada. Bloco e Lisboa voltarão a encontrar-se no domingo.
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