Sucessora de Robles na lista de Lisboa diz não se rever no acordo com o PS - TVI

Sucessora de Robles na lista de Lisboa diz não se rever no acordo com o PS

  • 31 jul 2018, 18:50
Ricardo Robles (BE) e Fernando Medina

Rita Silva, segunda candidata do Bloco à Câmara Municipal, justifica assim o facto de não ter assumido o lugar de vereador de Ricardo Robles

A segunda candidata do Bloco de Esquerda à Câmara de Lisboa nas últimas eleições autárquicas justificou esta terça-feira que uma das razões para não ter aceitado ser vereadora é não se identificar com o acordo político firmado com o PS.

Numa publicação na rede social ‘Facebook’, Rita Silva, que era o segundo nome na lista do BE à Câmara da capital, elencou as razões pelas quais rejeitou suceder a Ricardo Robles na vereação.

Não me identifico com o acordo político realizado entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista […], independentemente da bondade das medidas”, escreveu.

Aquando do início do mandato, o presidente da Câmara de Lisboa firmou um acordo de governação da cidade com o BE, que atribuiu a Ricardo Robles os pelouros da Educação e Direitos Sociais, e permitiu a Fernando Medina (PS) a maioria absoluta.

Face ao percurso do governo da cidade não acredito que [este acordo] constitua uma forma de sanar os problemas fundamentais da política dominante, que estão a alterar de forma estrutural esta cidade, tornando-a mais desigual e excludente”, lê-se na nota.

Rita Silva, que é dirigente do coletivo Habita (uma associação que se bate pelo direito à habitação), considerou que “a Câmara Municipal de Lisboa tem aderido, ao logo dos anos, ao papel de empreendedora de negócios na cidade, em detrimento do seu papel regulador e redistributivo”.

Continuarei, com empenho, a promover no que for capaz, a construção de um movimento social - atividade que não é compatível com o cargo político em questão e que no momento atual considero prioritária - que tem de contestar as políticas desta cidade, e do país, e construir com as pessoas alternativas à normalização da habitação como um bem de investimento, um produto financeiro à mercê do mercado ou à aceitação do investimento estrangeiro especulativo ou da monocultura do turismo e da precariedade como fatalidades”, salientou.

Ricardo Robles anunciou na segunda-feira de manhã a sua renúncia como vereador do BE da Câmara de Lisboa, afirmando ser "uma decisão pessoal" com o "objetivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade".

Após uma reunião da Comissão Política, o Bloco de Esquerda anunciou na segunda-feira à noite que o professor Manuel Grilo, número três na lista, vai substituir Ricardo Robles no cargo.

Na mesma altura, o partido explicou que a número dois na lista, Rita Silva, "manifestou a sua indisponibilidade para assumir o cargo, tendo em conta as responsabilidades dirigentes que tem num movimento social e que considera incompatíveis com o exercício do cargo de vereadora".

Na nota divulgada esta terça-feira, Rita Silva considera que “o governo de Lisboa, com vários anos de Partido Socialista, promoveu, e continua a ter como eixo central da sua política, processos de neo liberalização da cidade e a subordinação a grandes interesses imobiliários”.

A habitação e a cidade enfrentam hoje problemas profundos, com a total subordinação ao mercado, ao valor de troca, onde dimensões fundamentais da nossa vida, do nosso habitar, se reduzem a negócio especulativo a processos de exclusão e de desigualdade”, apontou a responsável.

Para a dirigente, “a perspetiva de cidade empreendedora, que se posiciona no ‘ranking’ das cidades globais à custa da especulação, da gentrificação, do turismo, mas também da precariedade laboral e da expulsão, é fruto de políticas com forte adesão e participação do governo desta cidade e que trazem graves consequências sociais”.

A demissão de Ricardo Robles surge na sequência de uma notícia avançada na edição de sexta-feira do Jornal Económico segundo a qual, em 2014, o autarca adquiriu um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e posto à venda em 2017 avaliado em 5,7 milhões de euros.

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