Do lítio à falta de médicos de família: os movimentos que tentaram boicotar as eleições - TVI

Do lítio à falta de médicos de família: os movimentos que tentaram boicotar as eleições

Em Montalegre e Águeda, há registo de protestos iniciados durante a manhã deste domingo de eleições presidenciais. Eleitores bloquearam mesas de voto

A mesa de voto da Junta de Freguesia de Morgade, em Montalegre, estava este domingo de manhã com portas encerradas a cadeado e bloqueadas por contentores de ecoponto, disseram fontes da Junta local e da GNR.

Segundo o presidente da Junta, José Nogueira, a população estará novamente a protestar contra exploração de uma mina de lítio a céu aberto nesta freguesia de Montalegre, no distrito de Vila Real, à semelhança do sucedido nas eleições legislativas e europeias de 2019.

Houve efetivamente bloqueio, com contentores de ecoponto na entrada e pedras que tiveram de ser removidos, e agora mantém-se o bloqueio no sentido de não haver ninguém a votar”, sublinhou.

Para José Nogueira, esta é “mais uma forma de protesto que as pessoas têm e um direito que lhes assiste para ver se efetivamente são ouvidas”.

Fonte da GNR de Vila Real adiantou à Lusa que as duas portas de entrada para o edifício onde está instalada a mesa de voto naquela localidade sofreram uma tentativa de bloqueio, inclusive com cadeados.

Segundo a mesma fonte, “não se registaram incidentes e foi cumprido o horário inicialmente previsto para a abertura”.

O contrato de concessão de exploração de lítio no concelho de Montalegre foi assinado em março de 2019, entre o Governo e a Lusorecursos Portugal Lithium, e tem estado envolto em polémica.

A empresa tem dito que a exploração da mina de lítio em Morgade vai ser mista, efetuando-se primeiro a céu aberto e depois em subterrâneo, e prevê a construção de uma unidade industrial para transformação do minério.

 

Grupo fecha três mesas de voto em Águeda por falta de médicos de família para a população

Três mesas de voto da união de freguesias de Belazaima do Chão, Agadão e Castanheira do Vougo (Águeda) foram fechadas este domingo após um grupo de cidadãos ter lançado um manifesto a apelar aos habitantes para não votar. Em causa, está a falta de acesso a médicos de família.

O protesto começou por volta das 8 da manhã e o presidente da Câmara disse não estar à espera, mas não ficou surpreendido. 

"Aqueles que muitas vezes têm responsabilidade pelos serviços, brincam efetivamente com as pessoas", sublinhou Jorge Henrique Fernandes Almeida, reiterando que a unidade de saúde da união de freguesias foi eliminada, sem que profissionais de saúde tenham sido direcionados para aquela zona.

 

Protesto pacífico com apelo à abstenção em freguesia de Barcelos

Mais de uma centena de pessoas concentram-se hoje junto à sede da Junta de Cambeses, em Barcelos, para apelar à abstenção nas eleições presidenciais, num protesto pacífico contra a falta de saneamento na freguesia.

Acima de tudo, a ideia é mediatizar a questão da falta de saneamento em Cambeses, para ver se alguém finalmente se lembra de nós e faz a ligação ao saneamento. Doze anos à espera parece-nos demasiado tempo”, disse à Lusa José Campos, um dos dinamizadores do protesto nesta freguesia do distrito de Braga.

Segundo José Campos, o protesto de hoje traduz-se num apelo ao “não voto”.

Gostávamos que ninguém viesse votar, mas não impedimos ninguém de o fazer. Quem quiser votar, vota, naturalmente. O que nós queremos é deixar aqui o nosso apelo, o nosso alerta para a falta de saneamento e para tudo o que isso acarreta, até em termos de saúde pública”, acrescentou.

José Campos explicou que em 2008 foram instaladas, na freguesia, as redes de água e saneamento.

Os moradores, acrescentou, “foram obrigados” a fazer a ligação à rede de água.

No entanto, a rede de saneamento “nunca foi ligada”, pelo que as águas residuais “são despejadas para a via pública e coletores de águas pluviais que vão parar ao rio”.

Cheira mal na freguesia e é um atentado à saúde pública”, refere um documento distribuído pelos organizadores do protesto.

O presidente da Junta de Cambeses, Agostinho Silva, disse à Lusa que a autarquia “está fora do protesto”, mas sublinhou que, “como cidadão”, comunga inteiramente da reivindicação do saneamento.

É um problema muito grave, espero que todos juntos possamos trabalhar para o ultrapassar”, referiu.

Disse ainda que até cerca das 11:00 a adesão ao voto estava a ser “muito fraca”.

O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, já disse que a questão do saneamento em Cambeses “está dependente” da construção de uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) em Cristelo.

O autarca socialista manifestou-se esperançado de que a obra seja financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

Quanto ao protesto de hoje, Costa Gomes disse compreender a vontade da população em dispor de uma rede de saneamento, mas frisou que “não vai ser o boicote que vai alterar a situação atual”.
 

Continue a ler esta notícia