Europeias: Gemieira boicotou eleições devido a linha de alta tensão - TVI

Europeias: Gemieira boicotou eleições devido a linha de alta tensão

«Nunca pensei que a população se unisse desta maneira», admitiu o autarca

A população de Gemieira, no concelho de Ponte de Lima, impediu este domingo a abertura da mesa de voto em protesto contra a construção de uma linha de alta tensão disse à Lusa o presidente da Junta de Freguesia.

Segundo o autarca António Matos o boicote, um dos 12 registados em todo o país, foi a forma escolhida pela população para contestar a construção de uma nova ligação elétrica de muito alta tensão entre Espanha e Portugal.

«Cerca das 07:00 [da manhã] mais de uma centena de pessoas concentram-se à porta da sede da junta, onde deveria ter funcionado a urna de voto, e não deixaram entrar os últimos três membros da mesa. Dois ainda conseguiram entrar porque tinham chegado antes dessa hora», explicou António Matos.

O autarca de Gemieira admitiu que os três elementos da mesa de voto que não chegaram a entrar da sede da Junta de Freguesia, onde estava instalada a urna de voto, «tiveram receio face à quantidade de populares que se encontravam no local».

«Nunca pensei que a população se unisse desta maneira», admitiu.

O boicote às europeias já tinha sido apontado pela população como uma hipótese para alertar para os perigos para a saúde pública da construção da nova ligação.

Em causa está a construção de uma linha elétrica de 400 KV desde Fontefria, em território galego, e até à fronteira portuguesa, com o seu prolongamento à rede elétrica nacional, no âmbito da Rede Nacional de Transporte operada pela empresa Rede Elétrica Nacional.

A população da aldeia de Gemieira diz ser a mais afetada do concelho de Ponte de Lima, com pelo menos cinco torres de 75 metros de altura e uma área de implantação de 200 metros quadrados, além de margens de segurança de 45 metros para cada lado.

Na Gemieira, uma das 121 freguesias potencialmente atravessadas por esta linha (distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto), a população queixa-se da proximidade do traçado proposto a 20 habitações, a um aglomerado de 14 moinhos, uma quinta de turismo rural de relevância internacional, áreas de produção agrícola e uma ecovia.

No mês passado, meio milhar de pessoas, do Alto Minho e da Galiza, Espanha, cortaram a ponte internacional de Melgaço num protesto conjunto contra a construção ligação alegando consequências para a saúde humana.
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