Costa defende necessidade de “não destabilizar o sistema financeiro” português - TVI

Costa defende necessidade de “não destabilizar o sistema financeiro” português

António Costa

Primeiro-ministro partilha da opinião do Presidente da República e do Governador do Banco de Portugal e afirma que este “é um tema que está em discussão na Assembleia da República e não compete ao Governo estar a pronunciar-se

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu este sábado, em Paris, a necessidade de “não destabilizar o sistema financeiro”, sobretudo “aquele que é o grande pilar do sistema financeiro [português] que é a Caixa Geral de Depósitos”.

Partilho com o senhor Presidente da República e com o senhor governador do Banco de Portugal a necessidade de sermos muito prudentes, não procurar destabilizar o nosso sistema financeiro, sobretudo aquele que é o grande pilar do nosso sistema financeiro que é a Caixa Geral de Depósitos”, declarou António Costa, à saída de uma reunião com o homólogo francês, Manuel Valls.

O chefe de Governo português sublinhou que “é um tema que está em discussão na Assembleia da República e não compete ao Governo estar a pronunciar-se, sobretudo porque não é uma comissão de inquérito sobre a atuação do atual Governo nem de um período da responsabilidade do atual Governo”.

Por isso, António Costa salientou que “seria particularmente indelicado que o Governo se intrometesse nesse debate que está em curso na Assembleia da República”.

Questionado sobre a possível alternativa a uma comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, o primeiro-ministro defendeu o acesso dos deputados ao “conjunto de informação que ao longo dos anos as instituições de supervisão, quer portuguesas, quer europeias têm obtido sobre a Caixa Geral de Depósitos”.

“Estou certo que se a Assembleia da República puder ter acesso ao conjunto de informação que ao longo dos anos as instituições de supervisão quer portuguesas quer europeias têm obtido sobre a Caixa Geral de Depósitos, acho que isso permitirá satisfazer aquilo que é legítimo, que é os deputados quererem saber o que é que se passou e, por outro lado, não repetir aquilo que já foi feito”, acrescentou.

António Costa concluiu: “Talvez isso ajude a que tudo se encaminhe no bom sentido de nada ficar por saber mas não se perturbar a estabilidade do nosso sistema financeiro e em particular a Caixa Geral de Depósitos, que é o grande pilar da estabilidade do nosso sistema financeiro.”

Hoje, a manchete do semanário Expresso avança que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, está a articular com o primeiro-ministro e com Marcelo Rebelo de Sousa uma alternativa ao inquérito à CGD proposto pelo PSD.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reiterou na noite passada que não toma posição sobre matérias da competência do parlamento, afastando assim a possibilidade de se pronunciar sobre a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos proposta pelo PSD.

“O Presidente da República afirmou, repetidamente, que não toma posição sobre matérias da competência da Assembleia da República, que, em caso algum, podem ser objeto de intervenção presidencial, como é o caso com comissões parlamentares de inquérito. Não tem por isso fundamento uma tomada de posição quanto a eventual comissão parlamentar de inquérito sobre a CGD”, refere uma nota de Belém enviada à agência Lusa ao início da madrugada.

António Costa reuniu-se com o chefe de Governo francês, oito dias após ter sido recebido por Manuel Valls e pelo chefe de Estado francês, François Hollande, no Palácio de Eliseu, juntamente com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A reunião com o primeiro-ministro francês ocorre dois dias antes de António Costa receber em São Bento o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Na agenda do regresso de António Costa a Paris estão ainda a inauguração do "Espaço do Cidadão" para prestação de serviços públicos online e, pelas 21:00 locais, a presença no jogo da seleção portuguesa de futebol com a Áustria no Euro2016.

À chegada de António Costa à residência do primeiro-ministro francês, às 11:00 locais (12:00 em Lisboa), Manuel Valls exclamou logo: "Então, não traz a camisola [da seleção]?"

Cerca de uma hora depois, no final da reunião, Manuel Valls disse aos jornalistas que vai assistir ao jogo ao lado do seu adjunto, o lusodescendente Carlos da Silva, para mostrar a que ponto a relação entre Portugal e França “é uma relação política e amigável de uma grande qualidade”.

“É por isso que vou estar esta noite no Parque dos Príncipes para assistir ao jogo Portugal-Áustria. Enquanto primeiro-ministro francês não posso revelar as minhas preferências mas, enfim, cada um percebeu… O meu adjunto, o deputado Carlos da Silva, vai estar comigo. Estão a ver o que eu quero dizer, não posso dizer mais”, declarou Manuel Valls aos jornalistas.

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