“Estou confiante, estou confiante não só por causa dos números, mas pelo que tenho sentido no dia-a-dia dos portugueses. Essa visão confirma os números. As sondagens valem o que valem. A última e decisiva é a da votação. Agora, eu sinto, no convívio diário, que há uma progressiva, crescente e mais clara clarificação de muitos portugueses com esse desejo".
Numa sessão pública, no Instituto Politécnico de Leiria, o candidato disse querer manter “até ao fim” a postura de não entrar em ataques aos adversários presidenciais. Apelou, pelo contrário, à convergência para o futuro. Aí, sobretudo, no que toca aos destinos do país, nas mãos de António Costa.
Por isso, sublinhou hoje que “o país tem desafios de governabilidade”. "É preciso garantir perante aquilo que é a necessidade de compatibilizar aquilo que é a justiça social e evitar a derrapagem financeira. É preciso garantir que o país é governável. Lembramo-nos da experiência dos governos minoritários do início da democracia. Os portugueses não querem regressar a esse tempo”.
Com a mensagem reforçada da coesão social e prometendo uma magistratura de inclusão, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu que “o mais difícil nos tempos de crise ou a seguir à crise é ser-se moderado”. Para que não restem dúvidas, esclareceu:
“Eu serei moderado, porque eu sou moderado. Encontrar aquele caminho intermédio, que abre vias de diálogo, sem discriminação, que constrói, fomenta diálogos, todos os dias. Há um dia que não funciona e recomeça-se no dia seguinte como se fosse o primeiro".
Ouviram-se aplausos pelo menos por três vezes durante o seu discurso, que começou sem música e terminou com o hino. O auditório demorou a encher, mas encheu, e houve até um pequeno percalço. Um dos assessores começou a bater palmas (para levar a plateia a fazer o mesmo) e o candidato ainda não tinha entrado. Sala em silêncio, até pareceu criar eco. E provocou alguns risos.
Uma maçã 'envenenada'?
Leiria foi a reta final de um dia que começou nas Caldas da Rainha, com uma visita ao Centro de Educação Especial Rainha Dona Leonor, onde o candidato fez um périplo por salas de formação, conversou com estudantes e visitou as estufas da instituição. Num dia de sol, mas com frio, o cheiro das plantas aqueceu os presentes.
O ambiente aqueceu ainda mais no mercado de fruta da cidade. Basta o professor sair à rua que as pessoas aparecem a rodeá-lo. Já várias dezenas aguardavam Marcelo Rebelo de Sousa junto à estrada onde o carro descaracterizado ia aparecer. Muitos deles sociais-democratas, outros pessoas que o apreciam, outros curiosos. Não quer dizer é que o apoio de todos seja sempre genuíno.
O primeiro vendedor de fruta com que se cruzou, por exemplo. Até lhe ofereceu uma clementina para ele provar. Ainda lhe descascou uma maçã sem demoras.
Prova tangerina, maçã e ainda leva um saco de fruta, no mercado da fruta das Caldas. A maior enchente #campanhatvi24 pic.twitter.com/iT3hHlOQAi
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 15 janeiro 2016
Mas afinal… afinal era outro candidato. Ou nenhum. Este português espelha a descrença na classe política.
O mesmo vendedor que ofereceu fruta a #Marcelo, diz que Nóvoa é um nome "mais inspirador" #campanhatvi24 pic.twitter.com/mSuPwk4Azh
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 15 janeiro 2016
O histórico do CDS-PP, Narana Coissoró, esse não tem dúvidas. Estava na primeira fila, à espera, para apoiar o professor, não por representar melhor a direita, mas “por representar melhor o país”. Sem papas na língua, desferiu uma série de críticas ao adversário Sampaio da Nóvoa, para além da falta de experiência política.
Narana Coissoró, histórico do CDS, veio apoiar #Marcelo e diz que Nóvoa "mais parece uma nódoa" #campanhatvi24 pic.twitter.com/GakiHHafPh
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 15 janeiro 2016
Um grupo que por ali andava começou a distribuir autocolantes com um slogan à Mário Soares. Vários colaram-no ao peito.
Nas Caldas, há quem adapte o slogan à Mário Soares para apoiar #Marcelo #campanhatvi24 pic.twitter.com/8csFLXtv9T
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Outros, outras, as senhoras, aproveitaram a deixa para verbalizar bem alto. Houve quem lhe dissesse: “Tem que ser à primeira volta”.
"Marcelo é fixe!"
Ele lá seguia, sorridente, “rua das montras” fora. A despedida das Caldas foi a mais apoteótica até agora. Aplausos e Marcelo a apoiar-se na porta do carro, para acenar a quem o apoiava.
Aplausos e "Marcelo é fixe!" na despedida das Caldas. Próxima paragem: Marinha Grande #campanhatvi24 pic.twitter.com/MmR4tZRJRT
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Seguiu-se um almoço – desta vez prato completo e não a habitual sandes - na fábrica de vidros Normax, na Marinha Grande. Marcelo deliciado a ver como se fabricam tubos de ensaio científicos e com fins medicinais.
A rigor, com óculos próprios, para acompanhar o trabalho na fábrica de vidros científicos #campanhatvi24 #Marcelo pic.twitter.com/hZT6CEYBEg
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 15 janeiro 2016
O candidato presidencial mais hipocondríaco e o professor, tudo ao mesmo tempo, a aprender com um bom exemplo de uma empresa que exporta até para a China.
O lanche foi em Alcobaça e ele tentou, como pôde, fugir aos doces premiados da Pastelaria Alcôa. Lá acabou por comprar uma caixinha. Isso foi depois de ter passado ainda pela Nazaré, onde andou de barquinho à vela num centro de atividades aquáticas para pessoas inadaptadas. Estamos a meio da campanha. A ver se, como quer, chega a bom porto.
Marcelo Rebelo de Sousa estreia um novo meio de transporte nesta campanha #campanhatvi24 pic.twitter.com/LvtNSbmXU4
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 15 janeiro 2016