Marcelo contra-ataca adversários: "Não estão bem a ver o filme" - TVI

Marcelo contra-ataca adversários: "Não estão bem a ver o filme"

"Depois olham para as sondagens e surpreendem-se". Sem meias palavras, o candidato diz que há duas campanhas a decorrer: a sua "esquisita" e a dos outros que lhe batem

Numa campanha em que é o principal alvo a abater, Marcelo Rebelo de Sousa tem-se recusado a entrar em contra-ataque direto, mas hoje marcou um livre em direção aos adversários presidenciais que, ao mesmo tempo, diz não ter.

O pensamento deles, formulado por Marcelo: “ Ah, mas que campanha tão esquisita que o homem está a fazer, sem aparecer com séquitos, com uma sandes ao almoço, essa campanha da marmita, tão solitária, tão despojada. Isso é com certeza artificial”.

Perante o maior e mais cheio auditório até agora, na Lourinhã, o candidato presidencial dedicou quase 15 minutos e metade da sua intervenção a desfazer a imagem que os outros candidatos têm criado de si.

“Não percebo porque é que algumas pessoas não perceberam nesta campanha eleitoral, porque é que tantas portuguesas e portugueses gostavam de mim (...) As pessoas não só não me conheciam, como não conheciam os portugueses, estavam duplamente equivocadas”.

O professor passou a explicar, com ironia: esse “convívio pecaminoso” de que o acusam advém do contacto com os alunos e com o povo em geral. Uma “cumplicidade afetiva”, voltou a chamar-lhe.
 
 Aproveitou logo para distinguir essa cumplicidade das politiquices, advogando uma relação com as pessoas “independentemente das opiniões das pessoas, que podiam ser do partido A, B, C ou D, das composições A, B, C ou D, mas que sentiam que aquela ponte era fundamental”.


“Pasmo (…) Devia haver mais disso do que menos disso. É uma mais-valia. Depois as pessoas surpreendem-se, olham para os resultados das sondagens e surpreendem-se”


O candidato-professor-(ex)-comentador tem dito repetidamente que vai ganhar à primeira volta. E repetidamente tem dito que não entra em “ataques pessoais”, recusando responder aos candidatos na mesma moeda. Mas hoje teve menos “meias palavras”:

“Confesso que de vez em quando quase senti a tentação de voltar ao tempo de comentador e de lhes dizer que não levem a mal, mas não devem estar a perceber o filme: há uma campanha que é de um candidato e dos portugueses e aquelas campanhas dos outros candidatos a bater num candidato. E depois também não percebi outra coisa, como é que se apresenta para unir todos os portugueses quem todos os dias divide”.
 

Já durante a tarde, numa visita ao Centro Neurológico Sénior, em Torres Vedras, falou em "pancada". Literalmente;

 



Marcelo colocou a tónica na “divergências de ideias”, essa sim, “muito salutar”, mas já lhe parece “menor" estar a "abundar” em questões de forma. Ele próprio, porém, também entrou por aí, ao comparar os dois automóveis que compõem a sua caravana, aos sete ou oito de outras candidaturas, sem especificar quais; e o mesmo com os gastos de campanha.

Seja como for, o contra-ataque foi suavizado no fim do discurso da noite. “ Eu não tenho adversários pessoais. Outros candidatos, como aqui foi dito, merecem todo o respeito e consideração, até pela coragem de terem avançado. Não são meus adversários. Os nossos adversários são os problemas comuns dos portugueses”.

Depois, os aplausos quando disse que “era mais fácil ter ficado com a fama de ter podido ser aquela hipótese que não seria, do que correr o risco”. Preferiu correr.

Ate já fala como se fosse Presidente, mandando recados ao Governo de António Costa que até tem vindo a defender.

O tema mais fraturante, até agora, tem sido o da Educação e das últimas medidas tomadas pelo Executivo socialista, que alterou a meio do ano letivo o método de avaliação no ensino primário e básico. "Nós não podemos, por cada Governo que passa, ter programas, currículo e sistemas de avaliação diferentes". 

O mesmo para a saúde e Segurança Social: "Não podemos programar uma rede de cuidados de saúde para o médio e longo prazo com mudanças todos os anos, todos os quatro anos. Na Segurança Social: não podemos prometer futuro, sem saber como é sustentável para os menos jovens e para os mais jovens. Isso não pode variar todos os anos ou todos os quatro anos". 

Para além de árbitro de futebol a mostrar cartão amarelo à postura dos adversários, esses apelos à convergência foram o refrão deste quinto dia de campanha eleitoral.

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