E porquê? Não quer falar demais, porque sabe que tudo o que diga pode comprometê-lo no futuro. “Não é que não tenha ideias” sobre as coisas, mas ser Presidente não é ser primeiro-ministro. Não é suposto “impor” o que pensa, justifica.
"É evidente que não foi uma campanha de um programa de Governo, porque o Presidente não tem de ter um programa de governo, não tem de ter uma reforma de Estado, uma reforma do sistema político”.
Às críticas daqueles que dizem que fez a campanha toda sem dizer o que pensa, uma dupla resposta: “ Eu fartei-me de dizer o que pensava sobre tudo. Aquilo que devia dizer. Isto é, disse o que pensava sobre a posição do Governo sobre o Banif, TAP, saúde, consensos na educação, enfim, as coisas do dia-a-dia e aquilo que considero fundamental para o país".
Para além do mais, Marcelo faz questão de lembrar que um chefe de Estado pode vir a lidar “potencialmente” com vários governos: “uns mais à esquerda, outros mais à direita, um mais liberal, outro mais estatizante".
Apesar das suas críticas ao faz/desfaz de quem está no poder, não entra por inferências simplistas. Exemplo: a medida fresca do Governo que ditou o fim dos exames nacionais no 4º ano. "Não, não estou a dizer [que não concordo]”.
Sem ficar de um ou de outro lado da barricada, opta pelo discurso do bom senso, o da "durabilidade” nas medidas, para não “baralhar” as pessoas. Senão “nem há tempo para avaliar os efeitos daquilo que é feito”. O candidato não vê ”divergências ideológicas” por aí além para que os partidos não se entendam.
Vai um recado, ainda assim, pegando num caso positivo: gostou da lógica adotada pela nova ministra da Justiça, por optar por analisar a obra dos governos anteriores para ver o que aproveitar, sem estar a introduzir já mudanças que possam ser um “fator de perturbação”.
Marcelo, idem. Pode ser preciso agradar a gregos e a troianos para construir as "pontes" e os consensos que deseja para o país.