Questionada esta tarde sobre as notícias que dão conta de que as obrigações seniores do Novo Banco serão usadas para recapitalizar a instituição, Maria de Belém Roseira afirmou desejar que seja encontrada a solução que melhor preserve a estabilidade do sistema financeiro, bem como a salvaguarda dos depositantes, pelo menos até um determinado valor.
"Uma atuação atempada e rápida é algo que nós devemos esperar, penso que o Governo está a atuar nesse sentido", acrescentou, frisando que será bom para todos que se entre rapidamente num período de estabilização.
A candidata falava aos jornalistas em Tires, Cascais, no final de uma visita à “Casa das Mães”, no estabelecimento prisional de Tires.
Escusando-se a pronunciar sobre a solução em concreto agora anunciada, a candidata às eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2016 recordou que o processo é da competência do Governo e da entidade reguladora.
"Não me compete pronunciar sobre as soluções que são encontradas em função da situação em que o processo está", acrescentou.
Interrogada se entende que o Novo Banco deveria ficar na esfera pública ou se a venda é o caminho mais indicado, Maria de Belém Roseira recusou também pronunciar-se, insistindo que essas decisões são da esfera de competência de outros órgãos de soberania.
Por isso, continuou, o Presidente da República deve respeitar essas decisões, deve acompanhá-las e "ter uma ação traquilizadora", bem como uma ação no sentido de se informar e fazer aquilo que lhe for pedido para facilitar as soluções que sirvam melhor o interesse nacional.
Maria de Belém Roseira reconheceu ainda que o atual Governo "herdou uma situação muito difícil" quer em relação ao Novo Banco, quer em relação ao Banif, mas sublinhou que é indispensável apurar "o que se passou e porque chegámos até aqui".
PR tem de respeitar liberdade dos partidos
Maria de Belém Roseira disse ainda que a intenção de Paulo Portas abandonar a liderança do CDS-PP é uma decisão interna, sublinhando que o chefe de Estado tem de respeitar o espaço de liberdade partidária.
"Não cabe aos candidatos a Presidente da República pronunciarem-se sobre aquilo que acontece no interior dos partidos políticos, é uma decisão interna do CDS-PP e é uma decisão que deve ser respeitada", afirmou.
Maria de Belém Roseira sublinhou ainda que o dever do Presidente da República é o de estabelecer relações com "os dirigentes democraticamente eleitos dentro de cada partido e de acordo com os seus estatutos".
Por isso, continuou, a decisão de Paulo Portas não deve ser objeto de nenhum comentário, porque "esse é o espaço de liberdade dos partidos que tem de ser integralmente respeitado por quem exerça as funções de Presidente da República".
No final de uma visita à "Casa das Mães" relatou:
"Vive-se aqui um Portugal dentro de Portugal, um Portugal que não é muito feliz, mas é um Portugal em que nós tentamos criar condições de dignidade e sobretudo de futuro e de uma nova esperança em relação às pessoas que por percalços da sua vida vieram aqui parar"
Admitindo que existe uma reincidência relativamente elevada, Maria de Belém Roseira vincou a importância das reclusas aprenderem uma profissão que possa ser "um caminho alternativo" para encontrarem um modo de vida diferente.
"São fáceis os caminhos que conduzem a estes lugares e, sobretudo para quem já cá esteve e depois saí, pode ter a tentação de ser novamente apanhada nesses caminhos", referiu.