Um 5 de Outubro com dois presidentes da Câmara de Lisboa - TVI

Um 5 de Outubro com dois presidentes da Câmara de Lisboa

  • Agência Lusa
  • CM
  • 5 out 2021, 13:00

Fernando Medina, que presidiu à cerimónia nos Paços do Concelho, convidou o sucessor Carlos Moedas, que realçou “toda a dignidade” na transição da presidência. Presidente eleito toma posse no próximo dia 18 de outubro

Fernando Medina, presidente cessante da Câmara de Lisboa e que presidiu à cerimónia nos Paços do Concelho, fez questão de convidar o sucessor, Fernando Moedas, para a cerimónia do 5 de Outubro.

O vencedor das autárquicas, que toma posse no próximo dia 18 de outubro, realçou como “muito importante” o convite para estar presente, destacando “toda a dignidade” na transição da presidência do município.

É muito importante estar aqui, é importante, e é importante que as transições sejam feitas com toda esta dignidade que estamos a fazer entre o presidente da câmara e o presidente eleito, é importante para todos nós e para democracia”, afirmou o social-democrata, em declarações aos jornalistas, à entrada para a cerimónia comemorativa do 111.º aniversário da Implantação da República, no Salão Nobre.

A cerimónia aconteceu num momento de transição política na Câmara Municipal de Lisboa, que marca o fim de 14 anos de gestão socialista, primeiro com António Costa (2007-2015) e depois com Fernando Medina, que perdeu as eleições autárquicas de 26 de setembro para Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança).

Marcando presença como presidente eleito da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas disse que a comemoração do 5 de Outubro significa “dar valor a um dia tão importante para Portugal".

É assim que nós, realmente, reforçamos a nossa identidade, a falar da nossa história e a comemorar estes dias”, apontou o social-democrata.

No próximo ano, a cerimónia de comemoração da Implantação da República já vai ser como Carlos Moedas como presidente da Câmara de Lisboa.

Vão ter de esperar um ano, com muito gosto, mas hoje estou aqui como convidado e como presidente eleito”, disse ainda.

Já o presidente cessante da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, aproveitou o seu discurso na cerimónia para assinalar a presença de Carlos Moedas.

O sinal que Lisboa hoje dá, juntando nesta cerimónia oficial de comemoração do 5 de Outubro, na sua Câmara Municipal, o presidente cessante e o presidente eleito, reafirma a democracia e os seus princípios fundamentais, valorizando o que deve ser comum a todos os que a servem e que tem de estar acima das divergências políticas e dos estados de espírito pessoais”, justificou Medina.

No final da cerimónia, nem Carlos Moedas nem Fernando Medina quiseram falar aos jornalistas.

Radicalismo e populismo vs democracia

No seu último discurso como autarca de Lisboa Fernando Medina realçou os valores republicanos e democráticos e afirmou que “não há radicalismo nem populismo que sejam bons para a democracia”, porque são “o caminho para a desagregação coletiva”.

O autarca socialista aproveitou ainda para se despedir da presidência do município da capital.

Quero renovar o meu profundo agradecimento ao povo de Lisboa pela honra e o privilégio que me deu de o poder servir, como presidente da sua Câmara Municipal, durante seis anos. Despeço-me com sentido de dever cumprido, com reconhecimento e gratidão e desejando a todos que o vão prosseguir, votos do maior sucesso ao serviço de Lisboa e dos lisboetas”, disse.

Fernando Medina defendeu, ainda, que celebrar “a liberdade, a igualdade, o progresso, a justiça e a dignidade nacional que a República representa” não se trata apenas de evocar um tempo passado, mas também a lição “para combater tudo o que contribui para a erosão da democracia e para a quebra de confiança dos cidadãos nas instituições”.

Se estas preocupações são válidas para todos os tempos, são-no especialmente para o nosso, um tempo complexo e contraditório da história. Valores civilizacionais que nos habituámos a dar como garantidos e incontestáveis são hoje perigosamente, estridentemente, postos em causa nas democracias e também na nossa”, reforçou o socialista, defendendo que “não há radicalismo nem populismo que sejam bons para a democracia”, porque, “ambos são, pelo contrário, o caminho para a desagregação coletiva”.

O presidente cessante da Câmara de Lisboa apontou também como essencial que o debate político se centre “nas grandes questões nacionais e não se transforme numa disputa de decibéis e manchetes para cuja conquista vale tudo”, realçando como principal desafio o combate às alterações climáticas.

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