Vice-presidente do PSD pede "tréguas" para evitar "suicídio coletivo" do partido - TVI

Vice-presidente do PSD pede "tréguas" para evitar "suicídio coletivo" do partido

  • EC
  • 29 nov 2018, 09:11

Castro Almeida considera que as propostas de Rui Rio não estão a chegar à opinião pública, devido ao clima de "hostilidade" que se vive entre os sociais-democratas

O vice-presidente do PSD Manuel Castro Almeida reconhece que o “ruído” dentro do partido está a impedir que o presidente Rui Rio passe para a opinião pública as propostas de oposição ao Governo, receando o “suicídio coletivo”.

Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, Manuel Castro Almeida considera que o partido vive um clima de “hostilidade” e apela a “tréguas”.

Há um acentuar de críticas e de formulações alternativas. Basta ver o que se passou com este OE2019 [Orçamento do Estado]. (…) É bem certo que não há uma perceção pública das propostas do PSD. Em boa medida, porque há um problema que ainda não resolvemos, que é de ruído interno, que dificulta que as nossas propostas passem. Quando se fala de questões internas, não se fala de oposição”, disse.

“É verdade que hoje há um clima de divisão, confrontação, de hostilidade no interior do partido que é excessivo, não é normal””, disse, destacando que este clima está a “prejudicar a afirmação do partido e não deixa o partido afirmar as suas mensagens”.

Questionado sobre como resolveria o “ruído interno”, Castro Almeida sublinha que “há dois lados de um conflito e isto só se resolve se os dois lados resolverem aproximar-se”.

Tem de haver um esforço de aproximação de ambas as partes. O primeiro responsável por garantir a unidade do partido é o presidente e a direção. Mas também é necessário que do outro lado haja a aceitação plena dos resultados eleitorais”, salientou.

Sobre se o outro lado seria a bancada parlamentar, o vice-presidente respondeu: “não vou invocar nomes de companheiros”.

Não falo de nenhum nome em particular. Falo de companheiros que não se revêm na atual direção. Têm todo o direito de não se rever, mas têm também o dever de contribuir para que o partido não caia num suicídio coletivo. Isso é dever de todos. É necessário que haja do outro lado um período de tréguas. Porque, se não, quem perde é o conjunto do partido”, sublinhou.

No entendimento de Castro Almeida, a solução não está na confrontação, mas no diálogo e na cooperação entre militantes.

Para o vice-presidente do PSD, o partido tem de se organizar internamente senão corre o risco de deixar que António Costa tenha uma maioria nas próximas eleições.

Questionado sobre o que acha sobre o primeiro-ministro, Castro Almeida lembra que António Costa “anda a apropriar-se de méritos que não tem”.

Não é bonito. Faz crer que tem um crescimento económico fantástico, quando, afinal estamos a deixar-nos ultrapassar por outros países. Faz crer que está a fazer um trabalho fantástico no défice, quando fez um trabalho mínimo, comparado com os três mil milhões por ano que Passos Coelho cortou. E apresenta-se como o campeão das contas equilibradas”, disse.

De acordo com Castro Almeida, o “jogo de comunicação do Governo é muito mais poderoso do que o dos partidos da oposição”.

O PSD, por culpa nossa, não tem conseguido explicar isto às pessoas. Quando os portugueses interiorizam isto, esta realidade, pensam duas vezes e ficam abananados”, referiu.

Sobre o caso das faltas do deputado José Silvano e de outros militantes, Castro Almeida lembrou que há um inquérito da Procuradoria-Geral da República e espera que o apuramento dos factos seja rápido.

“Quanto ao princípio, é tudo muito claro: qualquer deputado que falsifique uma presença merece censura. Não há desculpa para uma coisa dessas”, concluiu.

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