Ala esquerda de apoio ao Governo deixa greve geral em aberto - TVI

Ala esquerda de apoio ao Governo deixa greve geral em aberto

  • PP/ PD (Atualizada às 18:26)
  • 1 mai 2017, 17:12

Coordenadora do Bloco abstém-se de comentar eventual greve geral a convocar pela CGTP, mas líder do PCP lembra que "trabalhadores nunca põem nenhuma forma de luta de fora". PS lembra criação de emprego

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) escusou-se esta segunda-feira, no Dia do Trabalhador, a comentar uma eventual greve geral a convocar pela CGTP-IN, afirmando que essa decisão não cabe aos partidos, mas defendeu que é preciso lutar mais contra a precariedade.

"Estamos atrasados na concretização dos acordos que foram feitos de combate à precariedade, e a concretização coletiva, como sabem, está parada. É necessária, naturalmente, uma vontade política para avançarmos mais", declarou Catarina Martins aos jornalistas, na Rua da Palma, em Lisboa, no início da manifestação do 1.º de Maio da CGTP.

A coordenadora do BE acrescentou que "os sindicatos farão a sua parte, com certeza". No entanto, questionada sobre a possibilidade, não excluída pela CGTP, de vir a convocar uma greve geral, respondeu: "Eu não vou comentar aquilo que deve ser da CGTP. Isso é uma decisão que os partidos políticos não devem comentar".

Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, divulgada no domingo, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, não excluiu a hipótese de avançar com uma greve geral, rejeitando que se mantenha o "bloqueio da negociação da contratação coletiva" e declarando que "todas as hipóteses estão em cima da mesa".

"Todas as hipóteses estão em cima da mesa"

A meio da Avenida Almirante Reis, em Lisboa, na manifestação da CGTP, o secretário-geral do PCP afirmou, por seu lado, que "os trabalhadores nunca põem nenhuma forma de luta de fora" e exortou o Governo a responder ao seu "anseio profundo" de reposição de direitos em matéria de contratação coletiva.

Creio que é importante esta afirmação: os trabalhadores nunca põem nenhuma forma de luta de fora. E é mediante as condições objetivas e subjetivas, é perante situações concretas, que decidem", declarou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, durante a manifestação do 1.º de Maio da CGTP-IN, em Lisboa.

Jerónimo de Sousa foi questionado sobre uma eventual convocação de uma greve geral, possibilidade que não foi excluída pelo secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos. O secretário-geral do PCP referiu que essa declaração foi feita em resposta a "uma pergunta de um jornalista", mas subscreveu-a: "Os trabalhadores nunca põem nenhuma forma de luta de fora".

Salientando que "quem decide das lutas, das formas de lutas, são os trabalhadores e as suas organizações", Jerónimo de Sousa considerou que existe um "anseio profundo dos trabalhadores de verem os seus salários, os seus direitos valorizados".

Creio que nada apaga os avanços que foram alcançados no plano dos rendimentos e dos direitos, mas existem aqui questões de fundo, e podíamos invocar até a Constituição da República, porque é tempo de repor direitos, de alterar as principais malfeitorias do Código do Trabalho. E existe naturalmente a responsabilidade política, designadamente do Governo", acrescentou.

Questionado se o PCP não é também um responsável da atual maioria, Jerónimo de Sousa contrapôs que "não existe nenhuma coligação, não existe nenhum acordo interparlamentar", mas sim "um Governo minoritário do PS", com o qual o seu partido assinou "uma posição conjunta".

E é nesse quadro que nós consideramos que o Governo tem de responder a este anseio, que é também um princípio constitucional, de defender os interesses e direitos individuais e coletivos dos trabalhadores", concluiu.

"Desemprego abaixo dos 10%"

Ouvida pela agência Lusa, a secretária-geral adjunta do Partido Socialista (PS) realçou resultados que atribuiu à política governativa.

Em primeiro lugar, a criação de emprego e quebra do desemprego. Foram criados no último ano 156.000 postos de trabalho e a taxa de desemprego está hoje abaixo dos 10%, num valor que não estava desde fevereiro de 2009. São boas notícias para os portugueses mas sobretudo para os trabalhadores”, disse Ana Catarina Mendes.

Neste Dia do Trabalhador, a dirigente socialista notou que se deve valorizar o papel do diálogo, da concertação e da contratação social e, neste 1.º de Maio, em particular, relevou o acordo alcançado “num setor tão importante e tão tradicional” como é o do calçado, "que recentemente assinou um contrato de trabalho no sentido de igualdade salarial entre homens e mulheres".

Isto é também um espelho daquilo que é a maturidade da própria democracia, mas também a consciência de que é possível mudar para melhor as relações de trabalho, e este é um ponto essencial”, frisou a secretária-geral adjunta do PS.

Ana Catarina Mendes deixou também críticas ao líder do PSD e acusou Pedro Passos Coelho de manter uma atitude de “reação à espuma dos dias”, dependendo das notícias.

Num primeiro momento, perante a quebra do desemprego dizia que achava que isso era uma ilusão, porque estávamos a destruir o emprego. Depois, Passos Coelho minimizou o aumento real de emprego e hoje acha que é fruto das políticas do seu Governo. Ora, a maior destruição de emprego foi na altura dos quatro anos e meio do doutor Passos Coelho”, vincou a socialista.

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