Catarina Martins acusa Portas de não fazer contas - TVI

Catarina Martins acusa Portas de não fazer contas

Porta-voz do BE atacou o líder centrista sobre o corte de 600 milhões de euros nem o plafonamento da Segurança Social e acusou ainda o vice-primeiro-ministro de ser "um belíssimo ilusionista político"

A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) acusou, esta terça-feira, Paulo Portas de não apresentar contas e não explicar nem o corte de 600 milhões de euros nem o plafonamento da Segurança Social, o líder centrista disse que não serão reduzidas pensões.

No debate na SIC Notícias, Paulo Portas atacou o Bloco de Esquerda com a Grécia e com a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e Catarina Martins acusou o líder do CDS-PP e vice-primeiro-ministro de ser "um belíssimo ilusionista político".

Um dos temas que marcou o frente-a-frente foi a discussão sobre as propostas para a Segurança Social, nomeadamente o corte de 600 milhões de euros previsto no Plano de Estabilidade e a proposta da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) de fazer um plafonamento no sistema de pensões.

"Protetorado é nós estarmos numas eleições a debater programas e eu estar com alguém que apresenta um programa de uma coligação sem um único número, mas que apresentou números e comprometeu-se com números em Bruxelas, com o PEC para 2015 a 2019, com o documento de estratégia orçamental", afirmou Catarina Martins, insistindo que o programa da coligação não tem contas.

No Plano de Estabilidade, "está o famigerado corte de 600 milhões de euros na Segurança Social", sublinhou a dirigente bloquista, exigindo respostas sobre a forma como será feito.

"Temos de fazer uma poupança que tem esse valor. O Governo não disse que vamos fazer cortes, disse que não será feito com pensões a pagamento, disse que será feito respeitando doutrina do Tribunal de Contas, depois disse que o vai fazer procurando um consenso com o maior partido oposição", respondeu Portas.

O também vice-primeiro-ministro repetiu várias vezes "a garantia" de que "não será feito com corte de pensões a pagamento" e recusou avançar mais pormenores, reservando-os para conversações com o PS: "Não vamos estar em campanha eleitoral a colocar condições prévias".

Catarina Martins exigiu também explicações sobre o plafonamento das pensões proposto pela coligação PSD/CDS-PP, nomeadamente sobre o risco de se poderem colocar pensões em fundos privados sujeitos a flutuações bolsitas, dando o exemplo do Chile.

Por outro lado, a porta-voz do BE acusou Portas de não contemplar os "custos de transição do modelo", já que o sistema é intergeracional e as pensões atuais são pagas pelas contribuições atuais: "Fez contas e pode trazer-nos algumas dessas contas?", questionou.

"Não é feito com certeza à custa de redução de pensões", respondeu Portas", sustentando que só será feito com um crescimento económico entre 1,5% e 2% e contrapondo que o programa do PS faz "um plafonamento brutal e obrigatório, sem liberdade de escolha e para todos", enquanto a coligação o propõe para futuros contratos.

Catarina Martins acusou Portas de não acautelar o interesse público das privatizações, citando o Tribunal de Contas e uma resposta dada pelo Conselho de Ministros a uma providência cautelar à concessão da Carris, e o líder centrista respondeu com um ajuste direto feito pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, a única autarquia que já foi governada pelo BE.

"Entregou os transportes urbanos à Barraqueiro, um dos privados que o BE mais gostava de agitar", afirmou.

A porta-voz bloquista acusou Paulo Portas de ser um "ilusionista político", ao falar da devolução da sobretaxa e não dos escalões do IRS, que fizeram com que um casal com um salário médio e dois filhos tenha pago mais 83% de IRS.

Num debate marcado também pela questão grega, Portas respondeu a esta acusação também com a Grécia: "Não trate os outros como ilusionistas, ilusão foi o que aconteceu na Grécia e a prova dos nove está feita", afirmou.

Ainda sobre a Grécia, chamada sempre ao debate por Portas, o presidente do CDS argumentou que há um mês o Bloco era "avaliado pelo modelo da Grécia, do Syriza".

Catarina Martins respondeu que não concorda com o plano de austeridade grego, e mais à frente recusou que esse seja um modelo do BE, argumentando que "não mudaram os princípios do BE".
 

Bom resultado nas eleições "será dar ao país uma maioria estável"


A porta-voz do Bloco de Esquerda apontou esta terça-feira o aumento do número de deputados do partido na Assembleia da República como "uma vitória" nas eleições legislativas, num debate com o líder do CDS, Paulo Portas.

"Uma vitória é aumentar o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda", afirmou Catarina Martins, respondendo à pergunta final da jornalista Ana Lourenço, que moderou o frente-a-frente com o presidente do CDS-PP e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.


Em consequência, nas eleições de 04 de outubro "um mau resultado naturalmente será perder representação parlamentar", acrescentou a porta-voz bloquista, lembrando a qualidade da intervenção mas também das propostas alternativas apresentadas pelo deputado João Semedo, na comissão do BPN, e da deputada Mariana Mortágua, na comissão ao BES.

À mesma pergunta, Paulo Portas respondeu que um bom resultado "será dar ao país uma maioria estável".

Essa maioria poderá "governar o país em época de recuperação, com crescimento económico, onde as pessoas vão ver realmente o fim da sobretaxa gradualmente, vão ver a reposição dos cortes na Função Pública gradualmente, não haverá nova CES [Contribuição Extraordinária de Solidariedade], a integridade da pensão está garantida e haverá quociente familiar, melhorado e abono de família melhorado", declarou Portas.
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