Em terras algarvias, a manhã desta sexta-feira lembrava que o outono já começou: o frio condizia com o céu muito cinzento. Pelas 9:00, no porto de pesca de Olhão, o barco Mar da Armona ali estava, pronto para transportar os bloquistas. Armona por causa da ilha, que ali bem perto, constitui um monumento natural da região.
Na embarcação, o partido foi recebido pelos pescadores da Companhia de Pescarias do Algarve, uma empresa com 186 anos, que se dedica à produção de bivalves através da aquaculutra "offshore" (em mar aberto). O termo e o trocadilho que o mesmo sugere lançou o mote para a boa disposição: estava ali um partido de esquerda focado na valorização de uma "offshore".
À medida que o barco avançava sobre a veia da Ria Formosa e a costa ia ficando para trás, chegava a maresia do Atlântico. A embarcação parou junto às bóias, cheias de bivalves. Os capacetes, as luvas e as galochas dos pescadores não deixavam margem para dúvidas: esta era uma viagem de trabalho.
Primeiro foi o mexilhão. Retirado do mar, em grandes conjuntos. E foi separado ali mesmo, mediante o seu tamanho, através de uma imponente desgranadora. O que era grande seguia para um lado e o que ainda não tinha tamanho suficiente voltava a ser deitado ao mar, para ter tempo de crescer.
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— Sofia Santana (@asofia_santana) September 25, 2015
Acabado o mexilhão, o barco voltou a andar, ao sabor das ondas e das gaivotas. E depois foram as ostras. Grandes redes de pesca erguidas da água salgada. Eram limpas e colocadas em tanques para serem levadas até à costa.
No final, segue tudo para o mesmo sítio: a fábrica onde estes bivalves são transformados para entrarem no mercado.
Depois do mexilhão, agora as ostras #be #eleicoestvi24 pic.twitter.com/lZ51BOhtNu
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António Farinha, administrador da empresa, que tem cerca de 30 trabalhadores, explicou que a produção não utiliza qualquer tipo de alimento, sementes ou fármacos.
"É um exemplo que precisamos de reproduzir", disse a porta-voz do Bloco. Catarina Martins sublinhou a preocupação desta empresa com o ambiente e a sustentabilidade e o valor que acrescenta ao país, criando emprego por cá, ao invés de apenas recolher e exportar.
Um exemplo que, porém, enfrenta dificuldades. António Farinha queixou-se particularmente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a propósito das análises que o organismo efetua às toxinas."Apanha as espécies com sustentabilidade ambiental, faz a separação logo no barco e depois traz o que apanha para a fábrica, sendo capaz de dar mais valor em Portugal, antes da exportação. É preciso haver sustentabildiade ambiental e capacidade de transformaçao do produto para que fique mais valor em Portugal. Precisamos de gerar trabalho, salários dignos e valor em Portugal. Precisamos de reproduzir estes exemplos."
Catarina Martins foi perentória: é preciso "transparência" por parte do IPMA."Temos análises feitas em laboratórios certificados da União Europeia que não têm nada a ver com as do IPMA. Estamos em setembro e já tivemos quatro meses e meio com a zona interdita. É um prejuízo brutal."
"Precisamos de transparência para que as pessoas eprcebam o que acontece. O IPMA não divulga as análises e esta relação conflituosa entre o IPMA e os produtores tem vindo a criar problemas. Quando fecha ou abre (as zonas de pesca) o IPMA tem de divulgar as análises."
Uma transparência na pesca que, de resto, o Bloco defende para todos os setores do país.
A viagem terminou era já meio-dia, sob o calor do sol que se sebrepôs às nuvens. O Bloco vai continuar em Olhão. À tarde é para ir para a rua." A democracia exige transparência, muito mais transparência e que tudo seja escrutinado. Só assim a democracia pode funcionar."