"Nada será o mesmo" depois de Luaty Beirão - TVI

"Nada será o mesmo" depois de Luaty Beirão

Bloco de Esquerda reunido com Rafael Marques [Lusa\Miguel A. Lopes]

Bloco de Esquerda esteve reunido com o ativista angolano Rafael Marques, num encontro sobre os "atentados às mais básicas liberdades" em Angola

"Nada será o mesmo" depois de Luaty Beirão, acredita Catarina Martins, que defendeu esta terça-feira que é essencial manter a luta pela "libertação imediata" e o fim do processo que move o Estado angolano contra vários ativistas. O Bloco de Esquerda esteve reunido, em Lisboa, com o jornalista e ativista angolano Rafael Marques, precisamente com o caso de Luaty Beirão como pano de fundo num encontro sobre os "atentados às mais básicas liberdades" em Luanda.

Catarina Martins lembrou a luta de Luaty Beirão, que pôs hoje fim a uma greve de fome de 36 dias, elogiando o ativista que colocou a sua vida em risco "para que não houvesse silêncio sobre a sua prisão e a de outros ativistas".

"Ninguém pode hoje ignorar a ditadura e o atentado às mais básicas liberdades em Angola. É necessário que os olhos do mundo se mantenham postos em Angola e nestes ativistas", frisou a porta-voz do BE, que se fez acompanhar na reunião pelo líder parlamentar do partido, Pedro Filipe Soares, e o dirigente Fabian Figueiredo.

Rafael Marques, por seu turno, acredita que a greve de fome de Luaty funcionou como "catalisador para a mobilização da solidariedade internacional a favor dos direitos humanos e da liberdade de expressão em Angola", mas realça que o sistema judicial de Luanda não merece "confiança", até porque "não há separação de poderes" com o Procurador Geral da República a receber instruções diretas do chefe de Estado.

"O que nós queremos em Angola é liberdade de pensamento, de expressão, e usufruto dos direitos consagrados pela constituição", frisou o jornalista, escritor e ativista dos direitos humanos.

Rafael Marques lembrou ainda a permanente defesa do BE das liberdades em Angola, e escusou-se a entrar em grandes comentários sobre a atuação de outros partidos portugueses ou mesmo do executivo sobre a matéria.

"Não exigimos que as pessoas sejam solidárias connosco", vincou, destacando que "fundamental é a relação que os cidadãos portugueses possam estabelecer com os cidadãos angolanos". E prosseguiu: "A solidariedade genuína dos cidadãos é mais importante que relações bilaterais".

O início do julgamento dos ativistas angolanos está agendado para 16 de novembro, no Tribunal de Cacuaco, nos arredores de Luanda.
Continue a ler esta notícia

Mais Vistos