Cavaco sai de cerimónia antes de Marcelo discursar - TVI

Cavaco sai de cerimónia antes de Marcelo discursar

  • SS - atualizada às 22:43
  • 29 set 2018, 19:51

Foi na cerimónia de inauguração do ‘campus’ de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa. No seu discurso, o Presidente da República condecorou a Nova School of Business and Economics com o título de membro honorário da Ordem da Instrução Pública e fez questão de destacar um dos seus ‘mestres’, Cavaco Silva

O ex-Presidente da República Cavaco Silva marcou este sábado presença na cerimónia de inauguração do ‘campus’ de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, mas deixou o local antes do discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou pelas 19:15, quinze minutos antes da hora prevista, e fez questão de cumprimentar o seu antecessor, Cavaco Silva, sentado, desde as 18:30, numa das pontas da primeira fila, uma vez que já planeava sair antes do fim da cerimónia.

À chegada, o Presidente da República foi efusivamente aplaudido pela plateia.

Menos de dez minutos depois da entrada do chefe de Estado, Cavaco Silva deixou o local e, à saída, questionado pelos jornalistas se iria sair sem ouvir Marcelo Rebelo de Sousa, justificou: “Vou para uma festa familiar a que não posso faltar”.

Nos últimos dias, o atual e o anterior chefes de Estado envolveram-se numa troca de palavras a propósito da não recondução da atual procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, que será substituída por Lucília Gago.

Na quarta-feira, Cavaco Silva considerou que a não recondução da PGR foi a decisão “mais estranha do Governo que geralmente é conhecido como gerigonça".

Cavaco Silva, que falou à margem de um congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), classificou a não recondução de Joana Marques Vidal como algo “muito estranho, estranhíssimo, tendo em atenção a forma competente como exerceu as suas funções e o seu contributo decisivo para a credibilização do Ministério Público”.

Um dia depois, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que é ao Presidente da República e não ao Governo a quem cabe nomear a PGR, dizendo que “por uma questão de cortesia e de sentido de Estado” não comentaria as palavras de Cavaco Silva.

Hoje, em declarações à RTP antes da cerimónia de inauguração e questionado sobre esta troca de palavras, Cavaco Silva invocou a sua experiência política, sem dar uma resposta direta.

Eu tenho uma experiência de dez anos de primeiro-ministro e dez anos de Presidente da República e também um ano de ministro das Finanças. Sei bem aquilo que se passa no mundo da política. Mas, evito fazer comentários e raramente os faço”, afirmou.

 

Marcelo condecora Nova Business School e destaca papel de Cavaco Silva

No seu discurso, o Presidente da República condecorou a Nova School of Business and Economics com o título de membro honorário da Ordem da Instrução Pública e fez questão de destacar um dos seus ‘mestres’, Aníbal Cavaco Silva.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou a qualidade dos que fizeram o nome desta instituição, que classificou como “uma grande escola, pioneira em tantos lances científicos, pedagógicos, nacionais e internacionais”.

Que o digam todos quantos fizeram a sua história, com natural relevo para Alfredo Sousa, e os que a viveram intensamente, como tantos antigos e atuais mestres aqui presentes, em particular o primeiro Presidente da República de Portugal economista e o mais duradouro primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva”, afirmou.

No final da cerimónia, questionado pelos jornalistas se estranhou que Cavaco Silva tenha saído da cerimónia de inauguração antes do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizou essa ausência.

Mas cumprimentámo-nos, tinha um compromisso familiar e tinha dito que teria de sair, mas eu entrei a tempo de estar com ele”, destacou.

Salientando que a relação com o seu antecessor “está ótima” – “falámo-nos, como sempre, muito bem” -, o chefe de Estado escusou-se a fazer mais comentários sobre as palavras de Cavaco Silva em relação à não recondução da atual Procuradora-Geral da República.

“Não tenho mais nada a dizer sobre isso”, afirmou, questionado se considera que as críticas de Cavaco Silva ao processo de nomeação revelaram falta de sentido de Estado.

Sobre a referência a Cavaco Silva no seu discurso na inauguração do novo ‘campus’ da Nova, o Presidente da República considerou-a “uma questão de justiça”.

“Há um fundador, Alfredo de Sousa, mas depois há os patriarcas, aqueles que estão desde o início. Eu, não os podendo cumprimentar a todos, cumprimentei o mais importante. E merecia porque fez muito por esta escola”, destacou.

Na sua intervenção, que encerrou uma longa cerimónia de inauguração do novo ‘campus’, onde ficará instalada a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa destacou esta instituição como “a escola mais exigente e mais rigorosa” que conheceu na sua carreira académica.

O chefe de Estado elogiou a ligação ao mar deste novo ‘campus’, situado em frente à praia de Carcavelos, e confessou que, no início, ouviu quem tivesse reticências sobre a localização “heterodoxa” da instituição.

“Até ouvi dizer que podia haver o risco de rapidamente se transformar numa escola de surf, o que a mim não me complexava nada, sempre compatibilizei a academia com o surf e o body board”, gracejou.

No final, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a condecoração da Nova SBE e saudou a sua capacidade “de sonhar e construir o futuro”.

À saída, entre muitas paragens para tirar ‘selfies’ com alunos, Marcelo Rebelo de Sousa foi cumprimentando velhos conhecidos como o antigo companheiro de partido José Miguel Júdice ou Braga de Macedo, antigo ministro de Cavaco Silva.

Na cerimónia de inauguração do novo ‘campus’ da Nova, marcaram presença além do ex-Presidente da República Cavaco Silva, os ministros da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o do Ensino Superior, Manuel Heitor, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, e o seu antecessor, Paulo Portas.

Os ex-ministros Miguel Poiares Maduro (PSD), Luís Amado (PS), Pedro Mota Soares (CDS-PP), Maria de Belém Roseira (PS), o presidente da EDP António Mexia e o presidente e vice-presidentes da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras e Miguel Pinto Luz, bem como a conselheira de Estado Leonor Beleza foram algumas das muitas figuras do mundo político, académico e económico que marcaram presença em Carcavelos.

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