Jerónimo: discurso de Cavaco foi "de mau perder" - TVI

Jerónimo: discurso de Cavaco foi "de mau perder"

Jerónimo de Sousa no comício do Porto

Líder do PCP diz que ameaça do PR não foi mais do que um "grito de alma"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que o presidente da República, Cavaco Silva, fez um discurso de "mau perder" na tomada de posse de António Costa como primeiro-ministro.

Em declarações aos jornalistas, na Figueira da Foz, Jerónimo de Sousa disse ainda que "deve ser descontado o sentido de ameaça" presente nas palavras de Aníbal Cavaco Silva em relação ao exercício do poder de demissão do Governo, considerando-o "apenas um grito de alma de quem perdeu".

"Eu creio que é um discurso de mau perder, um discurso de quem se esqueceu que é o Presidente da República e se assumiu mais como um tutor do PSD e do CDS", afirmou Jerónimo de Sousa, à margem da cerimónia de atribuição do nome de Álvaro Cunhal a uma avenida da cidade.


Para o líder comunista, o discurso de Cavaco Silva mostra "alguém que não soube lidar com uma realidade constitucional e a solução governativa que foi concretizada", aludindo ao acordo a nível parlamentar do PS com o Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes" para a formação do Governo.

"De qualquer forma, é um registo que ficará na memória como águas passadas", sublinhou Jerónimo de Sousa.

Ainda sobre a "insinuação da ameaça" de demissão do Governo, formulada por Cavaco Silva ao dizer que não prescinde dos seus poderes constitucionais, o líder comunista frisou que o Presidente da República esquece que a demissão do executivo tem de ser realizada "num quadro de não funcionamento regular das instituições e que o Governo presta contas fundamentalmente na Assembleia da República".

"Não se está a ver como se concretizava. Aquilo que ele entendeu como direito, eu diria que é uma ameaça, nesse sentido creio que foi mais um grito de alma do que propriamente ter na cabeça que isso vai acontecer", reafirmou.


Questionado sobre o porquê de ter estado ausente da tomada de posse de António Costa como primeiro-ministro, Jerónimo de Sousa argumentou que o PCP esteve representado "ao mais alto nível" por João Oliveira, líder do grupo parlamentar: "até porque desde a década de 70 que não íamos a nenhuma tomada de posse, foi um gesto com o seu significado político", frisou.

O nome do histórico líder comunista Álvaro Cunhal, que morreu em 2005, aos 91 anos, foi dado hoje ao troço final da rodovia urbana que parte da rotunda Baden Powell - na avenida Mário Soares - em direção à praia da Tamargueira (rotunda Infante D. Pedro), na zona noroeste da freguesia de Buarcos.

A decisão de atribuir o nome do antigo secretário-geral do PCP foi tomada por deliberação camarária de 18 de fevereiro e publicada em edital em abril último.

Hoje, Jerónimo de Sousa lembrou o historial de Cunhal enquanto político e homem das letras e das artes, "figura fascinante" e "combatente pela liberdade e democracia", enquanto o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde (PS), frisou que o fundador do PCP "merece a admiração de todos, concordando-se ou não com os seus ideais".
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