PCP acusa Presidente da República de não ter estado à altura do cargo - TVI

PCP acusa Presidente da República de não ter estado à altura do cargo

Jerónimo de Sousa diz que Cavaco Silva agiu como «militante do PSD», ao "defender" Passos Coelho na polémica sobre a dívida do PM à Segurança Social

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O secretário-geral do PCP acusou, este domingo, Cavaco Silva de não ter estado à altura do cargo de Presidente da República na resposta ao caso da carreira contributiva do primeiro-ministro e pediu a demissão do Governo.

«Não é por isto só, camaradas, que pedimos a demissão do Governo, mas também é por isto», afirmou Jerónimo de Sousa, num almoço comemorativo dos 94 anos do PCP, no Seixal, acrescentando: «Pela dimensão ética e política do problema, deste caso, nós consideramos inaceitável a posição do Presidente da República, que, não sendo capaz de ocupar esta alta responsabilidade atribuída pelo povo português, vem, como militante do PSD, ajudar o Governo, ajudar o seu partido».

Segundo o secretário-geral do PCP, «Cavaco Silva não esteve à altura do cargo que ocupa neste momento, vindo ser ajudante de Passos Coelho e do seu Governo», e reagiu a este caso «à revelia daquilo que deveria ser o seu compromisso com o povo português de cumprir e fazer cumprir a Constituição e de verificar o regular funcionamento das instituições».

Na intervenção que fez neste almoço realizado no Pavilhão do Clube do Pessoal da Siderurgia Nacional da Aldeia de Paio Pires, no concelho do Seixal, Jerónimo de Sousa contestou a ideia de que Portugal está a regressar à normalidade e a dar a volta por cima e, a esse propósito, introduziu o tema da carreira contributiva de Pedro Passos Coelho.

«Que normalidade é esta quando vemos o primeiro-ministro de um Governo que desencadeou a mais violenta ofensiva contra os rendimentos dos trabalhadores, que ordenou cobranças e penhoras sem apelo nem agravo, que levou ao inferno muitas vidas de portugueses, a dizer que não cumpriu as suas obrigações por esquecimento ou por desconhecimento da lei?», questionou.

Perante os militantes do PCP que enchiam o pavilhão, Jerónimo de Sousa considerou: «É inaceitável, camaradas, porque a grande conclusão que o nosso povo está a tirar deste comportamento do primeiro-ministro é que, afinal, no nosso país, e à revelia da Constituição, há dois pesos e duas medidas: para este, compreensão e perdão, para quem trabalha, vive da sua reforma, se se atrasa, tem de pagar com língua de palmo imediatamente os seus encargos».

O secretário-geral do PCP pediu também um reforço da CDU nas legislativas para uma «rutura com a política de direita», afirmando que os comunistas estão preparados para assumir todas as responsabilidades que o povo lhes queira atribuir.

Jerónimo de Sousa dirigiu-se àqueles que dão razão ao seu partido, mas consideram que não tem «condições de chegar lá», e declarou: «Com mais apoios, o PCP tem condições de chegar lá para fazer aquilo que vocês anseiam e reivindicam. Aqui estamos, afirmando-nos prontos para assumir todas as responsabilidades que o povo nos queira atribuir, na efetivação de uma política patriótica de esquerda».

Na sua intervenção, o secretário-geral do PCP alegou que os comunistas não podem esperar «grande coisa da comunicação social», colocou o PS do lado das forças que «visam perpetuar a atual política» e acusou a maioria PSD/CDS-PP de esconder um plano de reforma do Estado para a próxima legislatura que implica «cortar mais nas reformas, mais nas pensões, mais nos direitos».
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