O presidente da Associação 25 de Abril criticou a “deriva extraordinariamente perigosa de golpe de Estado” de Cavaco Silva, que acusou de tentar “criar um conflito entre dois órgãos de soberania igualmente legítimos: O Presidente e a Assembleia da República”.
“Já venho a ter vergonha há muito tempo pelo Presidente da República que tenho e tive vergonha como cidadão português de ter um Presidente da República a proceder como este procedeu”
Vasco Lourenço disse esperar que no futuro “nem os partidos que estão em minoria tenham a tentação de transformar as minorias numa maioria, nem o partido que está em maioria tenha a tentação de exigir cheques em branco às minorias”, afirmou, aos jornalistas, durante uma concentração no Largo do Carmo, em Lisboa, sob o lema "A Constituição é para cumprir! Democratas e patriotas mobilizemo-nos!", que juntou mais de uma centena de pessoas.
“Foi lamentável aquilo a que assistimos nos últimos dias, mas ainda bem que ele [Presidente da República] decidiu. A necessidade da defesa da Constituição da República mantém-se. Não é a simples nomeação ou tomada de posse de um Governo do PS apoiado à esquerda que nos deixa descansados quanto à defesa da Constituição”, justificou, citado pela Lusa.
O capitão de Abril afirmou ainda que Cavaco Silva “sabia perfeitamente que o Governo não ia passar”, mas “teve esperança que conseguisse com a sua ação dinamitar a coerência e a unidade dentro do grupo parlamentar do PS”.
“Não conseguiu e aquilo que assistimos a partir daí foi extraordinariamente lamentável”, disse, manifestando-se satisfeito com esta solução, mas admitindo que por si própria não vai resolver os problemas do país.
“As soluções até aqui trouxeram-nos ao estado lastimável em que estamos. Esperamos que seja possível encontrar novas soluções para resolver os problemas gravíssimos que o país atravessa”, acrescentou.
Vasco Lourenço criticou ainda que o Presidente Silva tenha deixado que “o Governo que finalmente vai ser posto borda fora atacasse, violasse permanentemente a Constituição da República”.
Entre os partidos representados nesta concentração estiveram o PCP, os Verdes e o Bloco de Esquerda, tendo o comunista Armindo Miranda assinalado “o facto de ainda hoje se ter reafirmado de forma clara a derrota da direita nas eleições de 4 de outubro e do Governo de gestão”.
O Presidente da República indicou hoje o secretário-geral do PS, António Costa, para primeiro-ministro, indica uma nota da Presidência da República em que é ainda referido que a continuação em funções do XX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho, em gestão "não corresponderia ao interesse nacional".