CDS: congresso junta-se para escolher sucessor de Assunção Cristas - TVI

CDS: congresso junta-se para escolher sucessor de Assunção Cristas

  • AG
  • 25 jan 2020, 10:21

Existem cinco candidatos a concorrer ao lugar de presidente do partido

O CDS-PP começa este sábado, em Aveiro, o seu 28.º Congresso nacional para eleger o sucessor de Assunção Cristas na liderança, cujo desfecho é imprevisível.

São cinco os candidatos na "corrida", Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), o deputado e porta-voz João Almeida, o antigo parlamentar Filipe Lobo d´Ávila, do grupo “Juntos pelo Futuro”, o ex-presidente da concelhia de Viana do Castelo, Carlos Meira, e o líder da Juventude Popular (JP), Francisco Rodrigues dos Santos.

O programa do Congresso começa este sábado com o discurso de despedida de Assunção Cristas, a ex-ministra da Agricultura que sucedeu a Paulo Portas como presidente, em 2016, e que anunciou a sua saída na noite das legislativas de outubro de 2019, quando o CDS perdeu 13 deputados, e ficou reduzido a cinco, com 4,2% dos votos.

Eleita vereadora na Câmara Municipal de Lisboa nas autárquicas de 2017, numas eleições em que o partido ficou à frente do PSD, é aí que vai continuar, acumulando com a sua atividade de docente universitária.

Segue-se, depois do almoço, a apresentação e debate das moções de estratégia global. São 15 no total, as cinco dos candidatos a líder e mais dez, de dirigentes e militantes, entre elas uma do eurodeputado Nuno Melo e do parlamentar Telmo Correia, que não excluíram, até ao momento, vir a apresentar um candidato.

A votação, em urna, das moções está previsto começar às 23:00, prolongando-se até 30 minutos após o fim do debate, o que a mesa do congresso prevê acontecer às 02:30 de domingo.

Um dos momentos decisivos do Congresso é a votação das moções dado que é uma espécie de primeira volta para escolher o líder. E quem vencer, por norma, apresenta uma lista candidata à comissão política nacional e demais órgãos do partido.

Este é um Congresso eletivo e é lá que, de facto, se elege o seu presidente – o CDS já teve eleições diretas, como o PSD ou o PS, mas abandonou-as.

Os candidatos, olhando a história recente do partido, são muitos (5) e não há, até às vésperas do congresso, sinais de eventuais desistências ou acordos entre eles.

Os delegados serão, no total, cerca de 1.400, entre eles 1.160 eleitos, sem estar vinculados a nenhuma das 15 moções de estratégia global, o que baralha mais as contas.

Neste quadro, nenhuma das candidaturas divulgou publicamente, até ao momento, qualquer estimativa de apoios de delegados aos três concorrentes que estarão, segundo dirigentes centristas ouvidos pela Lusa nas últimas semanas, em “melhores condições” para vencer – João Almeida, Filipe Lobo d’Ávila e Francisco Rodrigues dos Santos.

O 28.º Congresso nacional do CDS termina no domingo com as eleições para os órgãos nacionais, a sessão de encerramento e o discurso do novo presidente, que ficará em funções por dois anos, até 2022.

João Almeida promete renovação das listas

O deputado e candidato a líder do CDS João Almeida chegou ao 28.º congresso “nada preocupado” com eventuais coligações contra si e prometeu renovar “pelo menos dois terços” das listas aos órgãos nacionais.

Esse número, afirmou, “é revelador sobre a continuidade” de que os seus adversários o acusam, afirmou João Almeida, à chegada ao pavilhão onde vai decorrer, até domingo, o congresso da sucessão de Assunção Cristas, que abandonar a liderança depois dos maus resultados das legislativas de outubro de 2019.

Questionado sobre se receia coligações contra si, feitas pelos seus oponentes, Almeida respondeu com um sorriso e três palavras: “Nada, absolutamente nada.”

Matos Santos entre "mais do mesmo" e o "futuro"

O candidato à liderança dos centristas Abel Matos Santos defendeu que o partido vai escolher entre “mais do mesmo” e o “futuro” e declarou-se disposto a contribuir para um CDS “vitaminado”.

À entrada para o Parque de Exposições de Aveiro, onde hoje começa o 28.º Congresso do CDS-PP, eletivo, Abel Matos Santos disse que irá apresentar o projeto político que defende para o partido, para que “deixe de ser um CDS descafeinado” e passe a ser um partido “vitaminado”, assumidamente de “direita” e sem complexos.

Este congresso é decisivo, é do tudo ou nada, para escolher duas coisas, ou a continuidade, mais do mesmo, ou o futuro e é por isso que eu venho motivado e convicto para contribuir para essa mudança”, declarou.

Apontando o seu adversário na corrida à liderança João Almeida como “aquele que não deve ganhar” por representar “a continuidade”, Matos Santos disse que não rejeita um cenário de eventuais acordos com outros candidatos.

Não rejeito nada. Agora o que estou motivado é afirmar o meu projeto político. Nisso é que estou motivado. Os órgãos e quem pertence ao quê é secundário”, disse.

Lobo D'Ávila para "recuperar credibilidade"

O candidato à liderança do CDS-PP Filipe Lobo d`Ávila manifestou-se hoje confiante, à chegada ao 28.º congresso do partido, advertindo que quem vai escolher o presidente são os congressistas e quem quiser "fazer contas muito certas" pode enganar-se.

Quem escolhe o presidente são os congressistas, (…) quem quiser fazer contas muito certas pode estar enganado”, disse Lobo d`Ávila, manifestando-se “muito confiante”, à chegada ao Parque de Exposições de Aveiro, onde se realiza o 28.º Congresso do partido.

Admitindo que “há vários cenários em cima da mesa” quanto à próxima liderança do CDS-PP e quanto ao futuro do partido, Lobo d`Ávila apelou para que os trabalhos decorram num tom “construtivo e positivo”.

O grande desafio é recuperar a credibilidade do partido”, disse, defendendo que “é importante dar um sinal de maturidade”.

Instado a identificar qual dos adversários considera mais “forte”, Lobo d`Ávila respondeu que espera “contar com eles no domingo quando for eleito presidente”.

O CDS está a fazer esse diagnóstico, tem de continuar a fazer esse diagnóstico. Não podemos repetir os erros do passado”, disse.

"Chicão" sem padrinhos

O candidato à liderança do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que apresenta ao 28.º congresso do partido uma candidatura que "não tem donos, não tem padrinhos" e rejeitou desistir a favor de outro candidato.

Eu venho apresentar ideias, esta candidatura não tem donos, não tem padrinhos, não é sucessora de ninguém, é uma candidatura que vem acrescentar debate de ideias e, na minha opinião, é a única que representa uma mudança alternativa, serena e tranquila para o CDS", disse o presidente da Juventude Popular (JP).

Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas à chegada ao local onde decorre o 28.º Congresso do CDS-PP, que arrancou hoje e termina no domingo, em Aveiro.

Questionado sobre a possibilidade de desistir da sua candidatura à liderança em favor de outro candidato, o líder da JP foi taxativo: "Desistir? Eu estou aqui para ganhar e para ser presidente do partido, e contar com todos os militantes, depois vai tocar a rebate e o CDS vai renascer mais forte".

Notando que cada candidato à sucessão da atual presidente, Assunção Cristas, "falará por si", Rodrigues dos Santos apontou prefere "falar mais no valor da paz do que propriamente em fazer a guerra".

Acredito num partido onde haja espírito de solidariedade, de corpo, de entreajuda, por uma razão muito simples: o CDS se continuar em guerras intestinas e em fraturas internas é uma casa que não poderá subsistir", defendeu.

O líder da JP acrescentou que vem "apresentar um serviço ao CDS", mas salientou que será "sempre respeitador da vontade soberana dos delegados".

E estou confiante, porque acredito que os nossos militantes se reveem neste projeto e que vamos sair vitoriosos, mas a palavra naturalmente será dada a cada um e o voto é secreto por isso será exercido em liberdade", notou, acrescentado que apresentou a sua candidatura "de forma completamente transparente", fiel "aos valores matriciais do CDS e procurando que o partido tenha condições para enfrentar os seus adversários, que estão lá fora, e vencer os seus erros cá dentro".

Francisco Rodrigues dos Santos considerou igualmente que não se teria apresentado a eleições "se acreditasse que era necessário inverter uma espécie de status quo ou de marca identitária do partido".

Acredito na mudança mas prefiro gradualismo na evolução, não gosto de roturas, não gosto de revoluções, portanto, estou tranquilo e hoje quem vai ganhar é o CDS e Portugal", salientou.

Na ótica do candidato de 31 anos, "o CDS precisa de ganhar uma nova vida, de se reinventar, de se posicionar no seu espetro político, de afirmar-se como único partido líder à direita para conseguir começar a construir a raiz da alternativa ao socialismo e, por outro lado, lançar as bases para uma maioria de direita já nas próximas eleições legislativas".

Assim, continuou, "olhos têm de estar postos no futuro", para aqueles que são os oponentes do partido, "e neste caso temos um bem marcado, o primeiro-ministro, António Costa, e o socialismo".

Cristas abre o congresso e abandona

Assunção Cristas usou hoje 13 minutos para fazer o discurso de despedida da presidência do CDS, em que admitiu ter falhado, mas não partilhou qual a sua análise pessoal para “dissecar” os erros da sua liderança.

O tempo encarregar-se-á dessa análise detalhada”, afirmou Assunção Cristas, aplaudida no início e no fim da intervenção, na abertura do 28.º congresso nacional do partido, no Parque de Feiras e Exposições de Aveiro.

 

Cumpri o caminho traçado e a estratégia proposta, mas cumpre-me hoje reconhecer uma evidência: falhei o resultado”, afirmou.

Assunção Cristas ouviu o que foi dito desde as legislativas de outubro e que “uns dirão que a estratégia estava errada, outros que se cometeram erros táticos ou de comunicação ou que falhámos na avaliação das circunstâncias”.

Ouvi muitas análises e, naturalmente, tenho a minha própria. Não julgo útil, nem este seria este o momento apropriado para dissecar os erros desse roteiro. O tempo encarregar-se-á dessa análise detalhada”, disse.

Logo após o discurso, Cristas deixou o pavilhão, minutos antes de os congressistas começarem a discutir as moções de estratégia global.

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