CGD "tem de fazer o que os outros bancos não fazem" - TVI

CGD "tem de fazer o que os outros bancos não fazem"

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  • 20 mar 2017, 14:05
Assunção Cristas

Líder do CDS-PP e líder parlamentar do PS defendem o "serviço público" no processo de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, defendeu esta segunda-feira que os critérios para a reestruturação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) "não podem ser iguais ao da banca privada", sublinhando que o partido defende uma CGD 100% pública.

O CDS aguarda as explicações por parte do Governo. Como é sabido está prevista uma ida do senhor ministro Mário Centeno ao parlamento. Do nosso lado ficámos perplexos quando ouvimos que os critérios têm de ser exatamente iguais ao da banca privada. Se é assim porque é que defendemos uma Caixa Geral de Depósitos Pública?", questionou a líder centrista.

Assunção Cristas, que falava ao início desta tarde aos jornalistas, à margem de uma visita aos Mouchões do Tejo, em Vila Franca de Xira, acerca do processo de reestruturação da CGD, que implica o encerramento de balcões e a redução do número de trabalhadores.

Há duas semanas, a CGD apresentou prejuízos históricos de 1.859 milhões de euros, mais de dez vezes que os resultados negativos de 171 milhões de euros de 2015, justificados pela constituição de novas imparidades (perdas potenciais, sobretudo para crédito).

Na ocasião, o presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, referiu que o plano de reestruturação e reorganização prevê a redução de mais de 2.200 trabalhadores até 2020 e o fecho de quase 200 agências.

Paulo Macedo ressalvou que o banco não conseguirá regressar aos lucros se mantiver a atividade sem alterações e que não pode manter presença em todas localidades em que outros bancos não veem viabilidade económica.

Instada a comentar as considerações de Paulo Macedo, Assunção Cristas insistiu na ideia de que "a CGD tem obrigação de fazer diferente dos outros bancos".

"Para mim é claro que se há um banco 100 % público é para poder fazer diferente do que outros bancos fazem. Se for para fazer exatamente igual, nomeadamente a presença em território português então não faria sentido estar a defender a caixa 100% pública", argumentou, acrescentando que espera que o ministro Mário Centeno possa esclarecer no parlamento "todos critérios subjacentes a este processo".

"Isto tem de ser visto com atenção. É preciso olhar para os critérios porque cada caso é um caso. Nós certamente queremos ouvir todas as explicações no parlamento e estaremos muito atentos a esta matéria", sublinhou.

César quer PS em defesa do “serviço público” na reestruturação da rede de balcões

O líder parlamentar do PS pediu esta segunda-feira aos deputados socialistas que defendam o "serviço público" no processo de reestruturação da rede de agências da CGD, alegando que não se pode "assobiar para o ar" nesta matéria.

Esta posição de Carlos César, também presidente do PS, consta de uma nota esta manhã enviada aos membros da direção da bancada socialistas, à qual a agência Lusa teve acesso, na qual também se salienta que essa linha ativa de atuação deve ser seguida mesmo que o Governo não dê qualquer orientação.

No âmbito do processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), a administração do banco público deverá encerrar cerca de 70 balcões até ao final do ano, estimando-se que a redução de agências atinja as 180 no final de 2020 - uma reestruturação que tem levantado dúvidas ao PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes" e que conta já com a oposição do PSD.

Na nota enviada aos membros da direção da bancada do PS, Carlos César refere que, numa próxima audição parlamentar sobre este assunto, o Grupo Parlamentar "deve defender que não é num caso de milhares de milhões de euros que se admite o fecho de um único balcão por concelho, onde podem estar dois funcionários e com limitação de prestação de serviços".

Não se trata de intromissão em matéria de gestão, mas sim de intervenção em matéria de serviço público", sustenta o presidente do PS.

Neste ponto, Carlos César admite mesmo uma diferenciação face o executivo em matéria de intervenção política.

"Se pode ser admissível que o Governo, apesar de acionista único, não queira dar orientação, têm razão os que acham que o parlamento não deve assobiar para o ar. Assim, salvo decisão, na primeira oportunidade, em contrário, da direção ou do grupo, é esta a orientação que vai vigorando", salienta o presidente da bancada socialista na sua missiva.

O encerramento de balcões da CGD, bem como a redução do número de trabalhadores, levou o Bloco de Esquerda a pedir uma audição urgente do ministro das Finanças, Mário Centeno, no parlamento.

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