Direita diz que Tancos foi a ignição da remodelação governamental - TVI

Direita diz que Tancos foi a ignição da remodelação governamental

  • 14 out 2018, 15:27

Líder do CDS afirma que alterações no Governo foram “por arrasto” do caso do furto de Tancos. Eurodeputado social-democrata Paulo Rangel acha que António Costa ainda deve explicações

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, desvalorizou a remodelação governamental, afirmando que foi feita “por arrasto” do caso do furto de Tancos e que Governo e primeiro-ministro estão fragilizados.

As mudanças no executivo, feitas com “prata da casa”, e “sem rasgo”, são a “prova dos nove da extraordinária fragilidade do primeiro-ministro”, afirmou Assunção Cristas no encerramento da escola de quadros da Juventude Popular (JP), em Peniche, Leiria.

"Gravidade de Tancos"

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel defendeu hoje que o momento escolhido pelo primeiro-ministro para remodelar o Governo “visa ofuscar a questão de Estado extremamente grave que é Tancos”, sobre a qual considera que António Costa deve explicações.

Não há nem furacão nem remodelação que retire a gravidade a Tancos. O primeiro-ministro tem de dar as suas explicações, não podemos ficar atordoados pela remodelação e distrair as atenções de uma crise que toca um pilar da soberania e um pilar fundamental do Estado”, afirmou Paulo Rangel, em declarações à Lusa, depois de ter colocado na rede social Twitter uma publicação sobre este tema.

O eurodeputado social-democrata, que há foi candidato à liderança do PSD, desvalorizou a remodelação anunciada, não pela legitimidade do primeiro-ministro para a fazer, mas pelo momento escolhido, apenas dois dias depois da demissão do ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, que teve como base os desenvolvimentos do processo judicial sobre o material militar desaparecido do paiol de Tancos e depois reaparecido.

A escolha da oportunidade da remodelação alargada tem uma finalidade óbvia: tentar ofuscar e tentar distrair as atenções de uma matéria em que agora é o primeiro-ministro quem tem de responder”, considerou.

Estranhando que as chefias militares mais diretamente envolvidas no caso – Chefe do Estado Maior do Exército e Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas – continuem em funções, Paulo Rangel defendeu que Azeredo Lopes “sai do Governo mais tarde do que o próprio gostaria, mas mais cedo do que o primeiro-ministro gostaria”.

Se ele estivesse ali mais tempo, a responsabilidade não passaria para o primeiro-ministro”, defendeu.

Reação oficial

O PSD prometeu para ainda uma reação oficial sobre a remodelação governamental, mas, entretanto, outros sociais-democratas já comentaram o tema nas redes sociais.

O antigo secretário de Estado do Ambiente José Eduardo Martins referiu-se em concreto ao reforço de poderes do ministro adjunto Siza Vieira, que passa a ter também a pasta da Economia.

Se o ministro Siza vai acumular é porque já há decisão do Ministério Público no Tribunal Constitucional? Ou estou a ver mal? Não é novo, o PS perder a vergonha toda e opacidade ganhar este esplendor, mas com o Dr. Costa isto anda por patamares novos”, escreveu José Eduardo Martins no Facebook.

Em 23 de maio, o Ministério Público pediu ao Tribunal Constitucional para analisar as declarações de incompatibilidades e de rendimentos do ministro Siza Vieira por este ter sido gerente, não remunerado, de uma empresa imobiliária familiar, quando já era ministro.

Já o antigo ‘vice’ da bancada social-democrata Sérgio Azevedo escreveu, também no Facebook: “Não tenham ilusões. A remodelação governamental das pastas da cultura e da saúde são resultado da negociação para o OE2019”.

Carlos Abreu Amorim, outro ex-vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, recorreu à ironia para comentar esta remodelação: “Pelos vistos, a Tempestade Leslie soprou bem mais forte do que parecia. Varreu alguns lugares de cima a baixo...”.

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