Juros da dívida: Governo prefere "meter a cabeça na areia”, diz CDS - TVI

Juros da dívida: Governo prefere "meter a cabeça na areia”, diz CDS

Deputada do CDS-PP, Cecília Meireles

Cecília Meireles trouxe o tema ao período das declarações políticas na AR, um dia depois de Portugal ter emitido 3 mil milhões de euros em dívida a 10 anos a um juro que deverá situar-se acima dos 4%

O CDS-PP pediu ao Governo para “não meter a cabeça na areia” face ao agravamento dos juros da dívida portuguesa, com o PS a remeter para a conjuntura externa as principais razões para este problema.

A deputada do CDS-PP Cecília Meireles trouxe o tema ao período das declarações políticas na Assembleia da República, um dia depois de Portugal ter emitido 3 mil milhões de euros em dívida a 10 anos a um juro que deverá situar-se acima dos 4%, segundo a Bloomberg.

É o custo de financiamento mais elevado desde fevereiro de 2014, é um sinal que não pode e não deve passar ao lado até daqueles que preferem meter a cabeça na areia”, afirmou Cecília Meireles.

Para a deputada democrata-cristã, o Governo tem “oscilado entre duas narrativas” para justificar o agravamento dos juros da dívida: “Quando parece que há boas notícias é porque instituições internacionais e investidores confiam muito no Governo; quando os juros sobem a responsabilidade é da conjuntura internacional”.

Não seria razoável começar a debater este tema da dívida pública com o pressuposto de que o que se passa na zona euro tem impacto como também tem o rumo que o Governo toma?”, questionou a deputada, desafiando o Governo a “parar de se endividar”.

Pelo PS, o deputado Eurico Brilhante Dias criticou a abordagem do tema feita pelo CDS e sugeriu uma maior atenção às restrições impostas pelo modelo de intervenção do Banco Central Europeu: “Se continuarmos a discutir a dívida focados apenas nas circunstâncias da política interna, não vamos seguramente atacar o problema de fundo”.

Na mesma linha, a deputada do BE Mariana Mortágua pediu ao CDS que não ignore o impacto de uma eventual alteração da política expansionista do BCE e acusou o anterior executivo PSD/CDS de ter deixado a “herança mais pesada” em termos de dívida.

O deputado do PCP Sá insistiu igualmente na renegociação da dívida e criticou o anterior Governo PSD/CDS-PP por ter cortado salários e aumentado os impostos para pagar os juros “aos especuladores e agiotas”.

Já o deputado do PSD Duarte Pacheco lamentou o que chamou de “alheamento da realidade”.

Este agravamento das taxas de juro [na emissão de dívida de quarta-feira] significa um agravamento da fatura que os portugueses vão pagar em 400 milhões de euros durante este período, isto decorreu mais para Portugal do que qualquer outro país”, alertou.

Cecília Meireles corroborou a ideia do PSD de que nem todos os países periféricos da zona euro têm sido afetados da mesma forma pelo agravamento dos juros da dívida e, em resposta ao BE, retorquiu que foram os Governos socialistas de José Sócrates que mais aumentaram a dívida.

Certamente o PS agradecerá este branqueamento, o poder tem os seus custos e às vezes a verdade parece ser um deles”, disse.

A deputada do CDS-PP alertou ainda os partidos que defendem “o não pagamento da dívida” que esta posição poderá estar também a ter impacto no agravamento dos juros.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que "não há motivo para alarme" com os juros da dívida pública portuguesa, "tirando o fator da inflação, que pesou e vai pesar".

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