O "absurdo" que o PAN elogia e que leva o CDS a querer ouvir ministro - TVI

O "absurdo" que o PAN elogia e que leva o CDS a querer ouvir ministro

  • CE
  • 19 set 2019, 13:26
Carne

Em causa está o facto da Universidade de Coimbra querer eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020

O porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) considerou esta quinta-feira “um sinal positivo” a decisão do reitor da Universidade de Coimbra (UC) de eliminar das cantinas a carne de vaca, “a espécie que tem mais impacto” ambiental.

O que o senhor reitor da UC fez não foi retirar, abolir o consumo de carne. Foi retirar uma espécie animal”, uma carne, “que é aquela mais impactante”, das cantinas, afirmou o dirigente do PAN André Silva em Campo Maior, no distrito de Portalegre.

Segundo o porta-voz do PAN, o reitor “refere que há outras variedades de carne” que “se mantêm” nas ementas.

E, com a medida, “dá um sinal dizendo que a produção de carne bovina é dos maiores poluentes do mundo, é dos maiores impactantes nos ecossistemas”, frisou André Silva, argumentando tratar-se de “um sinal positivo”.

O porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza falava aos jornalistas depois de visitar a fábrica de produção de café Novadelta, do Grupo Nabeiro, no concelho alentejano de Campo Maior.

Questionado pelos jornalistas, André Silva reagia ao anúncio do reitor da UC, Amílcar Falcão, na terça-feira, de que vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020, por razões ambientais.

Segundo o reitor, a medida será o primeiro passo para, até 2030, tornar a UC "a primeira universidade portuguesa neutra em carbono".

O dirigente do PAN disse hoje que “o reitor da UC”, que frisou não conhecer, com esta decisão, veio “dar voz à comunidade científica internacional”, que vem alertando para a necessidade de “reduzir drasticamente o consumo de proteína animal”, devido às “alterações climáticas” e às “graves crises ambientais”.

Veio restringir, abolir uma carne de uma determinada espécie, que é aquela que tem mais impacto, dando sinais” semelhantes aos que já deram os governos “da Holanda” e “da Alemanha”, que “estão progressivamente a instituir opções vegetarianas nas refeições oficiais do Estado”, assinalou.

Da parte do PAN, indicou, a proposta passa pela existência de opções vegetarianas nas ementas e de “uma grande sensibilização” e “informação da população para o impacto da pegada carbónica” e “hídrica da produção de carne”.

CDS desafia ministro da Agricultura a dizer se concorda com a medida

O CDS-PP desafiou esta quinta o ministro da Agricultura a dizer se concorda com o elogio do seu colega do Ambiente à decisão da Universidade de Coimbra de retirar a carne de vaca dos menus das suas cantinas.

Em declarações à agência Lusa, a deputada Patrícia Fonseca, eleita e de novo candidata do CDS por Santarém, afirmou que a decisão do reitor, anunciada na terça-feira, é “um atentado à liberdade de escolha e ao mundo rural”.

A parlamentar centrista quer, agora, saber o que pensa o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, das declarações do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes.

O nosso desafio ao ministro da Agricultura, que supostamente deve defender o setor que tutela, é saber qual a sua posição” sobre as declarações de Matos Fernandes que, na quarta-feira considerou ser relevante que uma universidade como a de Coimbra “tudo faça” com o objetivo de ser neutra em carbono.

Patrícia Fonseca lembrou que Matos Fernandes, quando apresentou o roteiro da neutralidade carbónica, quis “reduzir a produção pecuária fortemente”.

Federação Agrícola dos Açores diz ser "totalmente absurdo"

Também o presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, considerou esta quinnta-feira ser "totalmente absurdo" a anunciada eliminação do consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias de Coimbra, sustentando que os agricultores são os primeiros defensores do ambiente.

Aos jornalistas, Jorge Rita defendeu a importância de se combater as alterações climáticas, mas pediu que tal não seja feito de "forma radical", nomeadamente com o "abolir de carnes" quando o não consumo de vaca "deveria ser optativo e não obrigatório".

É preciso bom senso nessas medidas todas que se têm de tomar. O ambiente é de todos, não é só de alguns, e não há ninguém que respeite mais o ambiente do que os agricultores, que vivem diariamente do ambiente", realçou o responsável pela agricultura açoriana.

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