Perdão fiscal: há um "atirar de areia para os olhos das pessoas", diz CDS - TVI

Perdão fiscal: há um "atirar de areia para os olhos das pessoas", diz CDS

Deputada Cecília Meireles diz que Governo desautorizou secretário de Estado Rocha Andrade, ouvido “horas antes” no Parlamento, nomeadamente em torno das dívidas da petrolífera Galp

O CDS-PP disse esta sexta-feira que o Governo desautorizou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais - ouvido "horas antes" no parlamento - sobre o regime especial de recuperação de dívidas fiscais, nomeadamente em torno das dívidas da petrolífera Galp.

"Fizemos uma pergunta muito simples: era saber se este perdão fiscal se aplica ou não ao contribuinte Galp e a dívidas do contribuinte Galp", vincou a centrista Cecília Meireles, em conferência de imprensa esta sexta-feira no Parlamento.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade, foi ouvido na quinta-feira em sede de comissão no Parlamento, e "todos perceberam que a resposta" à pergunta do CDS-PP em torno da Galp "era sim", diz Cecília Meireles.

Horas depois, o Governo, por via do Ministério das Finanças, esclareceu que o regime especial de recuperação de dívidas fiscais e contributivas com perdão ou redução de juro "não se aplica às contribuições extraordinárias", ficando de fora, por exemplo, a dívida nesta matéria da Galp.

Para o CDS-PP há um "atirar de areia para os olhos das pessoas" e uma resposta evasiva a uma "pergunta muito simples".

"Dado o histórico passado entre o secretário de Estado e a Galp", advoga a deputada Cecília Meireles, é importante saber se "o contribuinte Galp pode ou não beneficiar do perdão fiscal".

Sobre a natureza das dívidas da petrolífera, e se está em causa apenas a contribuição extraordinária, a centrista é perentória: "Não faço ideia, nem tenho de fazer. É uma pergunta muito simples sobre o contribuinte Galp. Sim ou não".

E concretizou: "Acho que era vital que o governo dissesse ainda hoje se sim ou não, se este perdão fiscal se aplica ao contribuinte Galp".

No verão, veio a público que o secretário de Estado Fernando Rocha Andrade viajou a França para assistir a um dos encontros da seleção portuguesa durante a fase de grupos do Europeu de futebol a convite da Galp, empresa que tem um litígio com o Fisco relativamente a um valor de cerca de 100 milhões de euros.

Sobre a medida descrita pelo CDS-PP como de "perdão fiscal" e aprovada na quinta-feira em Conselho de Ministros, os centristas realçam a sua "coerência" e têm como preocupação melhorar os textos do executivo, ao contrário das esquerdas parlamentares, que "vêm agora defender o que andaram a atacar" quando no poder estava o executivo PSD/CDS-PP - que também aprovou medidas do género.

"O CDS é coerente. A nossa preocupação não é criticar medidas, é melhorar as medidas e torná-las mais adequadas às empresas", realçou Cecília Meireles.

O Governo recusou na quinta-feira ter aprovado um perdão fiscal em Conselho de Ministros, sustentando que o objetivo do regime especial "não é o encaixe financeiro, mas preparar as empresas para se recapitalizarem a partir de janeiro de 2017".

O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira um regime especial para reduzir as dívidas fiscais e à Segurança Social, podendo os contribuintes ficar isentos de juros se pagarem toda a dívida ou beneficiarem de reduções se optarem pelo pagamento em prestações.

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