"Péssimo exemplo aos portugueses". Líder do CDS não vai às comemorações do 25 de Abril no parlamento - TVI

"Péssimo exemplo aos portugueses". Líder do CDS não vai às comemorações do 25 de Abril no parlamento

  • Bárbara Cruz
  • 18 abr 2020, 12:12
Francisco Rodrigues dos Santos

Francisco Rodrigues dos Santos discorda do modelo adotado para celebrar o 25 de abril e diz que não ocupará o lugar que lhe é reservado pelo protocolo de Estado. Apenas um deputado do CDS-PP assistirá à cerimónia oficial na Assembleia da República

Francisco Rodrigues dos Santos, o líder do CDS-PP, anunciou este sábado que não marcará presença no parlamento para assistir às comemorações do 25 de Abril, por considerar que a cerimónia dá um "péssimo exemplo aos portugueses" que se mantêm em confinamento. 

Num texto publicado no Facebook, Rodrigues dos Santos diz que no 25 de Abril ficará em casa, "como é pedido a todos os portugueses".

O CDS-PP, enquanto partido fundador da nossa democracia, apelou a que se alterasse o modelo de comemoração do 25 de Abril, mas infelizmente não foi ouvido", escreveu. 

A Conferência de Líderes insistiu em manter a cerimónia, apesar da discordância do CDS, concentrando centenas de pessoas num espaço fechado, algumas delas pertencentes a grupos de risco", continua Rodrigues dos Santos, acrescentando que a decisão dá "um péssimo exemplo aos portugueses e não respeita os sacrifícios que estão a fazer – aos quais é pedido que não participem em celebrações religiosas como a Páscoa, que não abracem os seus filhos, pais e avós, que não se despeçam dos seus entes queridos que morreram, que fiquem fechados em casa mesmo que isso tenha levado milhares ao desemprego, que fechem as empresas, e que não vão trabalhar ainda que não tenham como pagar as suas contas".

Francisco Rodrigues dos Santos publica ainda um vídeo onde explica a tomada de posição enquanto líder do partido. 

 

A democracia fora do parlamento, não pode valer menos do que a democracia dentro do parlamento. O 25 de Abril não se fez para separar ainda mais as elites do Povo, nem para que uns fossem mais livres do que os outros. Por essa razão, enquanto Líder do CDS, usarei a liberdade que se assinala naquele dia para agir com responsabilidade e honrar os sacrifícios dos portugueses. Não sendo deputado, irei comemorar a data como todos os portugueses que estarão confinados e prescindirei do lugar que o Protocolo do Estado me reservaria", sublinha. 

Francisco Rodrigues dos Santos revela ainda que o grupo parlamentar do CDS-PP "cumprirá com a sua obrigação de estar presente", apesar da discordância para com o modelo de celebração, e far-se-á representar por apenas um deputado. 

Portugal pede-nos que estejamos à altura do nosso povo, mas não que estejamos acima dele", conclui o líder do CDS-PP. 

De acordo com o gabinete de Ferro Rodrigues, este ano não haverá nem as tradicionais cerimónias militares no exterior do Palácio de São Bento nem o tradicional programa cultural, o Parlamento de Portas Abertas.

A sessão de comemoração do 24 de abril arrancará pelas 10:00 na Sala das Sessões e usarão da palavra, como habitualmente, o presidente da Assembleia da República, os deputados únicos representantes de partido, os representantes dos Grupos Parlamentares e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que encerrará.

Na conferência de líderes de quarta-feira, a decisão de realizar a sessão solene no parlamento, embora com menos deputados e convidados, teve o apoio da maioria dos partidos: PS, PSD, BE, PCP e Verdes. O PAN defendeu o recurso à videoconferência, a Iniciativa Liberal apenas um deputado por partido, enquanto o CDS-PP - que propôs uma mensagem do Presidente da República ao país - e o Chega foram contra.

No final de março, a Associação 25 de Abril cancelou o tradicional desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e pediu que os portugueses vão nesse dia à janela pelas 15:00 cantar a "Grândola, Vila Morena", uma das senhas do Movimento das Forças Armadas (MFA) em abril de 1974, um apelo a que se juntaram já o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e o PAN.

Entretanto, o Presidente da República reafirmou que participará nesta cerimónia.

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