Relatório é claro "na existência de uma falha gravíssima" na prevenção - TVI

Relatório é claro "na existência de uma falha gravíssima" na prevenção

  • AM - atualizada às 19:33
  • 20 mar 2018, 18:56

CDS-PP diz ainda que o documento "é muito claro - existiu essa falha muito grave, continuou a existir e tem de ser melhorada - e aponta sugestões que são importantes". O PSD, por sua vez, salientou a "falta de meios", a descoordenação e a "ausência total de alerta às populações", manifestando-se disponível para contribuir para soluções

O deputado do CDS-PP Telmo Correia destacou a "falha gravíssima de prevenção" apontada no relatório sobre os incêndios de outubro na região Centro de Portugal, numa primeira análise ao documento da Comissão Técnica Independente (CTI).

"O relatório tem aspetos importantes. É claríssimo na existência de uma falha gravíssima que foi a falha da prevenção. As ignições eram previsíveis, as condições meteorológicas eram extremas, tínhamos o ‘furacão Ophelia’ e nada disso foi pensado, prevenido ou ponderado", afirmou Telmo Correia, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Segundo o deputado democrata-cristão, o documento "é muito claro - existiu essa falha muito grave, continuou a existir e tem de ser melhorada - e aponta sugestões que são importantes".

"[O relatório] lança uma ideia completamente nova que tem de ser pensada e ponderada: uma unidade de missão para estudar os meios e a forma, seja do ponto de vista do financiamento, seja da organização, de quem tem a responsabilidade do combate e do apoio às populações, numa primeira linha, ou seja, as corporações de bombeiros", sublinhou.

Telmo Correia declarou ainda que algumas informações que circularam sobre as conclusões do documento, no sentido de que "nada havia a fazer", não correspondem "de todo ao seu conteúdo", uma vez que "as circunstâncias eram previsíveis" e não foi acionado o "estado de calamidade preventiva", tal como em agosto.

O deputado centrista frisou tratar-se de uma "primeira leitura rápida", embora elogiando o trabalho da CTI relativamente aos factos ocorridos durante os incêndios de 15 e 16 de outubro, que atingiram 27 concelhos da região Centro, fizeram 45 mortos e cerca de 70 feridos.

 

PSD destaca "falta de meios"

O PSD, por sua vez, salientou a "falta de meios", a descoordenação e a "ausência total de alerta às populações", manifestando-se disponível para contribuir para soluções.

Denota-se uma falta de coordenação, denota-se uma ausência total de alerta das populações. Isto é que nos parece muito preocupante. O Estado falhou, não teve capacidade de avisar as pessoas, não fez alerta público e isto permitiu que muitas das nossas populações fossem apanhadas de surpresa. As vigilâncias aéreas não foram feitas porque não havia meios para esse fim", defendeu o vice-presidente da bancada social-democrata Carlos Peixoto.

De uma primeira leitura das conclusões do relatório, Carlos Peixoto sublinhou a "evidência clara" que aponta para "a falta de meios humanos e meios aéreos, sublinhando-se que de, setembro para outubro, o Governo diminui 3.400 bombeiros no país e cerca de 30 meios aéreos".

Carlos Peixoto argumentou ainda que aqueles factos concorreram com um "fenómeno extremo", a passagem do furacão Ofélia, que, argumentou, "não foi, claramente, a única causa principal destes incêndios".

"O PSD estará absolutamente disponível para, com todos os outros partidos, encontrar fórmulas e soluções para, no futuro, as nossas populações estejam devidamente salvaguardadas e seguras e que o Estado consiga responder eficazmente a todos estes desafios e àquilo que é a segurança pública, coletiva e individual, de cada um de nós", expressou ainda o deputado social-democrata, que agradeceu o trabalho da CTI.

A Comissão Técnica Independente sobre os incêndios concluiu que falhou a capacidade de "previsão e de programação" para "minimizar a extensão do incêndio" na região centro, que fez 48 mortos.

Esta é uma das conclusões da comissão criada pelo parlamento, que entregou hoje o seu relatório na Assembleia da República, em Lisboa.

"Era possível encontrar soluções prévias de programação e de previsão que pudessem ter amenizado o que foi a expansão do incêndio", afirmou João Guerreiro, o presidente da comissão, em declarações aos jornalistas, no parlamento.

Para João Guerreiro, apesar de se estar em outubro, fim da época de incêndios, havia possibilidades de minimizar os efeitos dos incêndios, a 14, 15 e 16 de outubro de 2017.

O documento foi entregue, pouco depois das 17:30, pelo presidente da comissão e ex-reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro, numa audiência com o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, em Lisboa.

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