Missão Portas: ultrapassar «extrema-esquerda» e acabar com maioria PS - TVI

Missão Portas: ultrapassar «extrema-esquerda» e acabar com maioria PS

Paulo Portas em Aveiro

Rendimento mínimo foi o tema da campanha CDS que se fez à imagem de Portas. BE e Jaime Silva foram os principais visados pelas críticas do partido

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«Rei morto, rei posto». O ditado popular espelha bem esta campanha do CDS para as eleições legislativas. Terminado o périplo pelo país que culminou com a eleição de dois eurodeputados, a comitiva centrista voltou à rua.

Paulo Portas fez-se à estrada a 8 de Julho e desde então percorreu mais de 49 mil quilómetros, tendo visitado os 18 distritos do país. As prioridades estavam bem definidas: ficar à frente do BE e do PCP, que foram denominados de «extrema-esquerda» durante toda a campanha, evitar uma maioria absoluta do PS e eleger os deputados que nas últimas eleições «não entraram por um punhado de votos»: Faro, Coimbra e Madeira e o segundo por Aveiro. De coligações pouco ou nada se falou.

Já sem ter que dividir palco com ninguém, como aconteceu nas europeias em que cedia o protagonismo a Nuno Melo e Diogo Feio, Portas tomou as rédeas da campanha e apostou forte nos terrenos em que se sai melhor: feiras, mercados e arruadas.Ao lado, teve os cabeças-de-lista pelos distritos visitados, que chegaram muitas vezes a passar despercebidos.

A mensagem passou... para o bem e para o mal

O líder do partido é normalmente bem recebido, quer seja no ambiente mais formal dos almoços de empresários, quer nos calorosos abraços das vendedoras dos mercados. Na rua, sabem quem ele é, o que fez e o que quer fazer.

Ex-combatentes agradecem o empenho nas reformas. Os agricultores encontram nele eco das críticas ao ministro Jaime Silva e também um líder partidário que conhece «os problemas de quem vive da terra». «Os outros não falam de agricultura», dizem-lhe. Falam-lhe da perda de autoridade dos professores e dos polícias, discurso que Portas repete vezes sem conta.Com empresários, Portas fala da elevada taxa fiscal, da falta de incentivo e até do trabalho da ASAE.

Mas o tema da campanha foi, sem dúvida, o antigo rendimento mínimo. O CDS quer a fiscalização do Rendimento Social de Inserção porque «actualmente há muita gente a ver à custa dos contribuintes porque não quer trabalhar». A proposta é a mais polémica do partido e gera reacções díspares, mas quase sempre intensas. Há quem elogie a coragem de Portas ao apresentar a medida e se queixe de andar «a pagar impostos para sustentar os preguiçosos». Mas também há os que o acusam de querer «tirar aos mais pobres a única forma de sobrevivência».

As críticas levaram mesmo a alguns episódios desagradáveis na rua e Portas chegou mesmo a envolver-se numa discussão em Guimarães. Na altura o CDS defendeu que o crítico do rendimento mínimo era militante do PS e dias depois encontraram mesmo uma imagem em que mostra o homem numa arruada do PS.

Portas garantiu que o CDS não iria deixar de sair à rua por causa destes episódios, mas que é certo é que redobraram as cautelas da comitiva quando a agenda indicava iniciativas deste género. E houve mesmo algumas que não foram divulgadas à comunicação social que acompanhava o candidato.

CDS recusou campanha «de incidentes»

Questionado sobre os vários «casos» que marcaram campanha, Portas recusou sempre comentar. «O CDS tem a sua agenda», afirmou, criticando que PS e PSD tenham feito uma campanha de incidentes.

O preço a pagar

Portas acabou por ter de pagar o preço de tanto tempo de campanha. Logo no início o período oficial foi necessário cancelar uma iniciativa porque o líder centrista não tinha voz e teve mesmo que recorrer a cuidados médicos. E mesmo com injecções e idas ao médico, a voz fraquejou algumas vezes durante estes 15 dias.

Mas isso não afectou o bom humor. Portas dançou, tocou pandeireta, foi às vindimas e mostrou que lhe serve como uma luva o fato de «Paulinho das feiras».
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