Jerónimo de Sousa: Almerindo Marques e «coincidências a mais» - TVI

Jerónimo de Sousa: Almerindo Marques e «coincidências a mais»

Líder comunista dedicou parte do seu discurso deste sábado, em Setúbal, a falar de corrupção, de «compadrio» e «amiguismo». No final deu um exemplo «desta semana»

Quem ler as crónicas dos últimos comícios da CDU ficará a saber quase tudo o que Jerónimo de Sousa disse em Setúbal este sábado à noite, talvez com uma excepção: nunca ao longo destes dias o líder comunista atacara de forma tão contundente a «corrupção», o «compadrio» e o «amiguismo». Sublinhou que do programa da troika internacional, sobre esta matéria, não consta «nada». Censurou a «impunidade» dos crimes de colarinho branco e os que querem que a «impunidade grasse». E, se por vezes insiste em «não pessoalizar», esta noite colou a estas críticas um nome: Almerindo Marques.



«Veja-se o caso desta semana, de Almerindo Marques, ex-presidente da RTP, que passou para a Estradas de Portugal, renegociou concessões e parcerias publico-privadas e é agora o novo homem forte do Grupo Espírito Santo na área da construção civil e das obras públicas», disse Jerónimo de Sousa, perante muitos apoiantes, no jardim da Avenida Luísa Todi.

«São coincidências com certeza, mas nós achamos que são coincidências a mais, porque é assim que se cria esse factor de compadrio, de amiguismo, na confusão entre aquilo que é público e aquilo que é privado», acrescentou.

Antes de ter ter chegado a este caso, Jerónimo de Sousa pegara no acordo da troika internacional para lhe notar a ausência de medidas para o combate à corrupção e aos crimes de colarinho branco. Chamou-lhe, por isso, «um programa para aumentar a concentração da riqueza, a oligarquia, os correligionários, os boys e amigos e também a corrupção.»

«O programa da troika falou de tudo, mas nem uma palavra sobre esta matéria», frisou o líder comunista, considerando «chocante» que «não haja uma medida, que não haja uma palavra sequer, sobre a corrupção ao serviço de actividades criminosas, tráfico de influências, branqueamento, fuga ao fisco das grandes negociatas».

Defendendo que o aumento de casos de corrupção coloca em perigo os «próprios fundamentos do regime democrático», lamentou que os partidos que se sentaram à mesa com as instituições internacionais não vejam este como um «problema».

«Nem sequer se dignaram a sugerir os meios para reforçar os meios da investigação da criminalidade, porque querem a impunidade grasse», acusou. «Em relação a estes poderosos, a estes senhores do capital, a estes que cometem crimes económicos, aqueles crimes de colarinho branco, para esses é sempre impunidade».

Para Jerónimo de Sousa é inadmissível que se tente justificar a corrupção apenas com a «má gestão pública», apontando aos três maiores partidos o silêncio que cultivam sobre este tema.

«Não dizem que os actuais gestores públicos serão os gestores privados das empresas privatizadas ou dos grupos a quem atribuíram muitos milhões em negócios e resultados duvidosos para o erário público», apontou. Depois pegou no caso de Almerindo Marques e nas coincidências que disse que lhe sobram.
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