Um docinho, um moscatel e o fim da maioria absoluta - TVI

Um docinho, um moscatel e o fim da maioria absoluta

Jerónimo de Sousa começou o último dia de campanha no Barreiro

Uma coluna de som disparava a voz de António Costa para rua. Do lado de fora da sede de campanha do PS, no Barreiro, centenas de pessoas esperavam Jerónimo de Sousa.

Alinhados de um e do outro lado da rua, os apoiantes da CDU permaneciam indiferentes aos apelos do líder socialista, que correram em loop até alguém da própria sede do PS calá-los, com o girar de um botão.
 
Pouco depois, era a voz de Jerónimo de Sousa que animava a rua. Ao vivo e entre as cores das bandeiras da coligação de esquerda.

Cumprimentos, saudações. Galgou a escada de um edifício da Câmara Municipal para cumprimentar quem estava à porta. Subiria ainda outras escadas para esbarrar, ao descê-las, com a TVI24 online. 

- “Como se sente?”. 
-“Pronto para ir até à reta final e para continuar. Com força, sim, com força”.   

 
Força foi o que desejou, pouco depois, a Jerónimo de Sousa um homem que lhe deteve a marcha, para dizer que só acredita no projeto da CDU.

“Vou votar na CDU”, diz-nos à margem da arruada João Soares. Nome de socialista. Socialista também e até ex-autarca pelo partido, entre 2001 e 2009, na Câmara do Barreiro, onde foi vereador.


“Os indecisos olham para o líder do PS com alguma dúvida e suspeita”, explica assim o sentido do voto, lamentado que António Costa tenha “atraiçoado” António José Seguro. 

À frente, Jerónimo de Sousa, prosseguia a caminhada, com uma disposição física aparentemente mais desenvolta do que a que mostrara no comício da última noite, na Quinta do Conde. 

Uma disposição que seria reforçada mais à frente, com uma “paragem técnica”, numa sombra, onde Margarida Feio e Silva, de 77 anos, o esperava com uma caixa de bolos. 

“Camarada, um docinho para você não ir abaixo”, desafia. Jerónimo de Sousa não recusa. Nem o bolo, nem um copo de moscatel, que lhe é estendido logo a seguir pelo marido de Margarida.     

 
“Não reparei o bolo que o camarada tirou, mas bebeu um moscatelzinho também”, explicar-nos-ia a militante comunista logo a seguir.    

“Já fui eleita de 79 a 89 numa autarquia do Barreiro, na junta de freguesia do Barreiro”, conta depois com orgulho, enquanto Jerónimo de Sousa avançava mais à frente, reforçado com a paragem nesta “box” de bolos.


Já na praça Catarina Eufémia, Jerónimo de Sousa subiria ao palanque para apelar ao voto e manifestar fé nos dois “grandes objetivos” da CDU. 

O primeiro de obter mais votos e mais deputados e o segundo de “derrotar esta política de direita e este Governo de serviço que é o PSD e o CDS, retirando-lhe a maioria absoluta”. 

Um objetivo que Jerónimo de Sousa já apresentara ontem com essa nuance de não ser necessariamente uma derrota eleitoral que afaste do poder PSD e CDS. 

Uma “vitória” para a CDU, porque, explicou Jerónimo de Sousa, sem maioria absoluta, a coligação de direita “não tem condições para governar”. 
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