Eleições Açores: PS exige a Rio “cabal esclarecimento” sobre acordo com Chega - TVI

Eleições Açores: PS exige a Rio “cabal esclarecimento” sobre acordo com Chega

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  • 6 nov 2020, 17:32
José Luís Carneiro

BE reitera que está disponível para viabilizar programa de governo socialista

O secretário-geral adjunto do PS exigiu, nesta sexta-feira, ao presidente social-democrata, Rui Rio, um “cabal esclarecimento” sobre a anunciada solução governativa nos Açores, apoiada pelo Chega, acusando-o de “virar costas ao PSD de Sá Carneiro”.

Hoje, confirmaram-se as piores suspeitas que prevaleciam na opinião pública portuguesa: a suspeita de que o doutor Rui Rio estava em negociações com o Chega, tendo como moeda de troca a revisão da Constituição. Com esta negociação feita com a extrema direita o doutor Rui Rio pisou a linha vermelha dos princípios e dos valores constitucionais e virou as costas ao PPD/PSD de Francisco Sá Carneiro”, declarou José Luís Carneiro, em conferência de imprensa, na sede do PS.

Em causa está o anúncio feito hoje pelo Chega de que “vai viabilizar o governo de direita nos Açores”, após ter chegado a um acordo com o PSD em “vários assuntos fundamentais” para aquela região autónoma e para o país.

Quanto à exigência que tinha sido feita pelo partido de extrema-direita de que o PSD participasse no processo de revisão constitucional iniciado pelo Chega, André Ventura disse ter obtido garantias para o futuro.

Perante estas declarações, o secretário-geral adjunto socialista considerou que Rui Rio deve aos portugueses “um esclarecimento cabal” e “não um esclarecimento feito no Twitter”.

Quais foram os princípios e os valores que o doutor Rui Rio deixou cair relativamente à revisão constitucional para alcançar o poder na região autónoma dos Açores?”, questionou.

Na opinião do dirigente socialista, o líder da oposição mostrou que “vale tudo para alcançar o poder”, acrescentando que esta atitude “feriu a dignidade de um processo de revisão constitucional”.

O representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, começa hoje a ouvir os partidos que elegeram deputados à Assembleia Legislativa açoriana, tendo em vista a indigitação do futuro presidente do Governo Regional.

O PS elegeu 25 deputados e perdeu a maioria absoluta que detinha há 20 anos na região e esta semana PSD, CDS-PP e PPM anunciaram uma "proposta de governação profundamente autonómica", um "governo dos Açores para os Açores" e com "total respeito e compreensão pela pluralidade representativa do povo".

PSD, CDS-PP e PPM somam 26 deputados, juntando-se agora o apoio dos dois do Chega. Fica a faltar um deputado, que poderá ser o da Iniciativa Liberal, que hoje admitiu um acordo parlamentar para viabilizar o governo de direita.

A lei indica que o representante da República no arquipélago nomeará o novo presidente do Governo Regional "ouvidos os partidos políticos" representados no novo parlamento açoriano.

BE reitera que está disponível para viabilizar programa de governo do PS

O coordenador do Bloco de Esquerda/Açores, António Lima, reiterou hoje que o partido está disponível para viabilizar um programa de governo do PS, rejeitando apoiar um executivo de direita que tenha aceitado cortar apoios sociais.

O Bloco de Esquerda está disponível para viabilizar um programa de governo do Partido Socialista, para impedir uma formação e tomada de posse de um governo da direita. A partir daí, o Bloco de Esquerda negociará medida a medida, com a sua exigência de sempre, defendendo o seu programa e a confiança que as pessoas depositaram no Bloco de Esquerda”, afirmou.

O dirigente regional do BE falava à saída de uma audiência com o representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo.

Pedro Catarino já tinha ouvido antes os representantes do PAN, do Iniciativa Liberal e do PPM, estando prevista para hoje ainda audiências com Chega e CDS-PP.

No sábado, receberá os representantes dos dois partidos mais votados, PSD e PS.

António Lima defendeu que “deve ser o Partido Socialista a formar governo”, mas não se comprometeu com um acordo de coligação ou de incidência parlamentar com o partido.

Não há aqui nenhum cheque em branco ao Partido Socialista, se essa for a decisão do senhor representante da República indigitar o presidente do PS enquanto presidente do governo”, frisou.

O coordenador do BE/Açores garantiu, no entanto, que o partido “não dará de forma alguma o seu apoio” à coligação de direita (PSD/CDS/PPM), que conta com o apoio do Chega.

Lamentamos que partidos ditos da direita democrática, como o PSD, ou da direita democrática cristã, como o CDS, e outros partidos, como o PPM e o Iniciativa Liberal, alinhem com um partido xenófobo, de índole racista, que tem numa situação de crise o ódio a quem tem mais dificuldades, aos pobres, como principal aglutinador da sua política”, sublinhou.

 

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