José Sócrates é, de resto, o único dos antigos primeiros-ministros de governos constitucionais depois do 25 de abril que ainda não recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Santana Lopes, por exemplo, teve de esperar cinco anos pela condecoração. No caso de Sócrates, o ex-primeiro-ministro já deixou o Governo há quatro anos e a ausência de uma condecoração tem gerado alguma agitação no seio do Partido Socialista.
No ano passado, o socialista Ascenso Simões enviou mesmo uma carta a Belém onde demonstrou a sua indignação. Entretanto, Sócrates foi detido e permanece em prisão preventiva há mais de seis meses, num caso inédito em Portugal: foi a primeira vez na história da democracia portuguesa que um ex-primeiro-ministro foi detido. Em causa estão “crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção”.
Apesar de Sócrates ficar de fora das condecorações, Cavaco vai distinguir dois antigos ministros socialistas. E logo ministros que exerceram funções em governos socráticos. São eles Teixeira dos Santos, que foi responsável pela pasta das Finanças, e Mariano Gago, ministro da Ciência e Tecnologia que morreu em abril. Ambos vão ser agraciados com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Mariano Gago
Foi ministro da Ciência e da Tecnogia dos governos de António Guterres, entre 1995 e 2002, e ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior nos governos de José Sócrates, entre 2005 e 2011.
Licenciado em Engenharia Eletrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico, doutorou-se em Física pela Universidade de Paris. Como físico trabalhou no campo da aceleração e da colisão de partículas, das altas energias, exercendo funções no laboratório do CERN – Centre Européen de Recherche Nucléaire – em Meyrin, nos arredores de Genebra.
Investigador internacionalmente reconhecido, Mariano Gago é considerado um dos principais artífices do desenvolvimento científico português dos últimos 20 anos. Sobretudo na qualidade de presidente da Junta Nacional de Investigações Científicas (entre 1986 e 1989) e também enquanto ministro.
Vai receber a ordem a título póstumo, uma vez que faleceu a 17 de abril, vítima de cancro.
Teixeira dos Santos
Foi ministro das Finanças entre 2005 e 2011, no Governo de José Sócrates. Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto e doutorado em Economia pela Universidade da Carolina do Sul, Estados Unidos.
Tutelou a pasta das Finanças num dos momentos mais importantes do país nos últimos anos: quando Portugal pediu ajuda financeira externa. Foi ele que anunciou, a 6 de abril de 2011, que Portugal necessitava de um resgate.