Covid-19: as novas medidas do Governo para combate à pandemia - TVI

Covid-19: as novas medidas do Governo para combate à pandemia

Encerramento de estabelecimentos comerciais até às 22:00 e proibição de eventos com mais de cinco pessoas, são apenas duas das medidas para os concelhos de maior risco

O primeiro-ministro anunciou, este sábado, novas medidas de combate à pandemia de covid-19, com incidência nos concelhos mais afetados pela infeção de SARS-CoV-2. São medidas que saíram do Conselho de Ministros que reuniu, este sábado, às 10:00, no Palácio da Ajuda, num encontro que só terminou já depois das 18:00.

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Por concelhos com maior risco em relação à pandemia, o Governo tomou aqueles com pelo menos 240 casos por cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Nesses concelhos, o Executivo decretou: 

  • Dever cívico de recolhimento domiciliário
  • Desfasamento obrigatório de horários no trabalho
  • Encerramento dos estabelecimentos comerciais até às 22:00
  • Restaurantes com grupos limitados a seis pessoas e funcionamento até às 22:30
  • Eventos e celebrações limitados a cinco pessoas (exceto se forem do mesmo agregado familiar)
  • Proibição de feiras e mercados
  • Teletrabalho obrigatório, salvo impedimento do trabalhador

São medidas que entram em vigor já na próxima quarta-feira, dia 4 de novembro e serão avaliadas quinzenalmente. 

O desafio do Governo, segundo Costa

Na conferência de imprensa em que apresentou as novas medidas, o primeiro-ministro afirmou que o Governo enfrenta o desafio de ter de tomar medidas contra a covid-19 para evitar a rutura do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas sem "afundar a economia" portuguesa.

O primeiro-ministro referiu que, se nada for feito para travar o crescimento da pandemia, que se verifica desde meados de agosto, o aumento de infeções "conduzirá a uma pressão insustentável do SNS e a um agravamento da saúde pública".

Mas, logo a seguir, António Costa abordou a questão da economia, falando sobre a evolução de Portugal no período de confinamento, entre março e o final do segundo trimestre, período em que se verificou uma drástica quebra do Produto Interno Bruto (PIB).

A partir de terceiro trimestre, com o progressivo desconfinamento, o primeiro-ministro salientou que se verificou um aumento do consumo interno e, com a melhoria da conjuntura internacional, uma subida das exportações nacionais.

"Os últimos dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) indicam um aumento do PIB na ordem dos 13,2%. O grande desafio que enfrentamos é conseguir combater a pandemia sem pagar custos elevados dos pontos de vista social, económico e familiar", frisou o líder do executivo.

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Cuidados Intensivos reforçadas com mais 202 camas e 350 enfermeiros

Os cuidados intensivos vão ser reforçadas com mais 202 camas e vão ser contratados mais 350 enfermeiros para estas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), anunciou também o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro avançou que as Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) vão ser reforçadas agora com 52 camas, 50 até ao final de dezembro e as restantes 100 em janeiro de 2021.

 O Governo anunciou ainda que vai contratar enfermeiros reformados para rastreios de contactos da covid-19. A contratação destes enfermeiros será feita de forma idêntica aos médicos reformados.

O chefe do Governo sublinhou que os novos enfermeiros para as UCI vão ser contratados num “regime excecional” e o “concurso agora aberto” terá até 350 vagas.

“Não serão contratados a termo, mas são diretamente contratados para sua integração na carreira de forma a que seja um concurso que incentiva mais enfermeiros a concorrer”, disse António Costa, frisando que o concurso para enfermeiros das UCI decorre em paralelo com os concursos a decorrer ou que vão ser abertos para a contratação de novos médicos para estas unidades.

Segundo António Costa, neste momento está em curso a colocação nos hospitais de 48 médicos intensivistas e em janeiro será aberto um novo concurso para a formação de mais 46.

O primeiro-ministro avançou que atualmente o SNS tem “ainda 362 camas com capacidade para acolher novos doentes covid.

“É evidente se continuar a subir esta pandemia aquelas 362 camas vão crescer para podermos acomodar mais doentes covid. Mas esse crescimento será feito necessariamente à custa das camas que estão disponíveis para outro tipo de patologias”, alertou, dando conta que as Unidades de Cuidados Intensivos têm atualmente uma reserva de 70 camas para doentes com covid-19.

António Costa frisou que, em caso necessidade, pode ser alargado esta capacidade dos UCI com recurso a mais 505 camas que podem ser mobilizados e afetas aos doentes com covid-19.

“Se continuarmos a pressionar o SNS nós temos dificuldades crescentes para responder a esta situação”, disse ainda.

Linha SNS24 passa a emitir declaração para justificar faltas ao trabalho

A Linha SNS24 vai passar a emitir declarações provisórias de isolamento profilático por causa da covid-19, que justificam as faltas ao trabalho. 

“A partir de agora a Linha Saúde 24 procederá à emissão direta das declarações de isolamento profilático para que as pessoas não tenham que ainda recorrer ao centro de saúde ou ao médico de saúde pública da área de residência para obter declaração para justificar as faltas quando é declarado o isolamento profilático”, precisou António Costa.

O chefe do Governo justificou esta medida com a necessidade de “agilizar aquilo que tem sido o relacionamento de muitos utentes da Linha Saúde 24 com a obtenção das declarações para justificar as faltas à entidade patronal e obtenção de pagamento por parte da segurança social”.

O comunicado do Conselho de Ministros refere que é criada “a declaração provisória de isolamento profilático preventivo na sequência de contacto com o Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde”.

Novembro vai ser “muito duro e muito exigente” 

O primeiro-ministro, António Costa, avisou hoje que “convém não criar falsas expectativas” porque novembro vai ser “muito duro e muito exigente”, sendo maior a probabilidade de, daqui a 15 dias, acrescentar mais concelhos à lista com novas restrições.

Na conferência de imprensa para anunciar as novas medidas para combater a pandemia, decididas pelo Conselho de Ministros extraordinário que esteve hoje reunido oito horas, António Costa explicou que, em relação ao critério das medidas excecionais a adotar em concelhos com mais de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, “seria impossível comunicar diariamente os que entram e os que saem e por isso cada 15 dias o Conselho de Ministros revisitará esta lista”.

“Convém não criar falsas expectativas: o mês de novembro vai ser um mês muito duro, muito exigente e, portanto, a maior probabilidade é que daqui a 15 dias estejamos sobretudo a acrescentar concelhos e será bastante improvável que estejamos daqui a 15 dias a retirar muitos concelhos”, avisou.

Costa fez um apelo ao cumprimento por parte dos portugueses: “entrarão tantos menos e sairão tantos mais quanto mais cada um de nós for eficaz no seu próprio concelho a conter a transmissão desta pandemia”.

“Se todos cumprirmos aquelas cinco regras, mais rapidamente o concelho onde residimos sairá desta lista e garantiremos que o concelho onde residimos não entre nesta lista”, apelou. As cinco regras a que se referia o primeiro-ministro - e que fez questão de recordar durante a conferência de imprensa - contam-se pelos dedos da mão: distância entre as pessoas, uso de máscara, etiqueta respiratória, lavar as mãos e usar a aplicação Stayaway Covid

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