Catarina Martins defende que se oiça o país na resposta à crise - TVI

Catarina Martins defende que se oiça o país na resposta à crise

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  • AM - atualizada às 19:00
  • 22 mai 2020, 11:48

Coordenadora do BE lembra que nas negociações mais complicadas nunca “faltaram nervos de aço” aos bloquistas

A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu esta sexta-feira que “é preciso ouvir o país”, ter solidariedade e empatia na construção das respostas à crise, assegurando que nas negociações mais complicadas nunca “faltaram nervos de aço” aos bloquistas.

Em declarações aos jornalistas no final de uma visita a uma cantina escolar que, com o encerramento das escolas, passou a confecionar comida para distribuir a quem foi afetado pela crise, Catarina Martins foi questionada sobre as notícias que deram conta que o líder do PS, António Costa, na Comissão Política da última noite, pediu "nervos de aço" aos socialistas na fase da retoma.

“As pessoas conhecem o Bloco de Esquerda e sabem que nos momentos mais difíceis nunca nos faltaram nervos de aço. Já tivemos muitas negociações complicadas. O que eu queria dizer é que mais do que pensarmos, naturalmente, nos projetos diferentes e nas dificuldades negociais, olharmos para o país”, defendeu.

A líder do BE citou precisamente aquilo que a responsável por esta resposta social de distribuição de alimentos da Câmara de Lisboa, Ana Leal, lhe transmitiu, ou seja, que “está a aprender todos os dias, com a crise, a alterar a resposta”.

“Aqui há uma coisa muito importante que é ouvir o país e ter empatia, compreender que esta crise afetou qualquer pessoa. Qualquer um de nós pode ser afetado com esta violência por esta crise”, apelou.

Para Catarina Martins, em todas as respostas à crise que forem construídas, “é preciso ouvir o país, ter uma solidariedade e ter uma empatia necessária”.

É precisamente esta resposta à crise que vai estar em cima da mesa na reunião do Bloco de Esquerda com o Governo, marcada já para segunda-feira, e anunciada precisamente pelo primeiro-ministro, António Costa, no último debate quinzenal, que explicou então que ia ouvir os partidos na próxima semana sobre o orçamento suplementar.

“Fizemos um grande trabalho de levantamento de medidas e seguramente vamos ouvir os projetos do Governo, mas levaremos também medidas que Bloco de Esquerda tem estado a desenhar ao longo deste tempo, com os diversos setores e com as pessoas que estão no terreno”, adiantou.

Na perspetiva da líder bloquista, “têm de ser respostas baseadas nas necessidades do país e dirigidas pela absoluta urgência de garantir a dignidade a todas as pessoas que trabalham neste país, reconstruir a economia, o emprego e o salário”.

“Nós temos estado a ouvir o país, temos feito muitas reuniões, com muitos setores, temos estado atentos ao que tem acontecido, visto o problema da crise social, da crise económica aumentar também”, referiu.

Não podemos esperar que passe o vírus para ter políticas de emprego

A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu que não se pode esperar que passe a pandemia para se implementar políticas de emprego, esperando que o orçamento suplementar responda a essa e outras necessidades de emergência social.

O dia de Catarina Martins começou na cantina da Escola Básica dos Loios, em Lisboa, um das dezenas de espaços dos quais saem as cerca de “15 mil refeições” que diariamente a Câmara de Lisboa distribui a quem mais precisa, um número que disparou devido à pandemia de covid-19.

“Não podemos esperar que passe o vírus para começarmos a ter políticas de emprego, de reconversão da nossa economia porque isso vai demorar”, avisou.

Por isso, na perspetiva da líder do BE, “o orçamento suplementar deve dar esse passo decisivo para construir emprego em respostas públicas que são necessárias e ajudar quem perdeu o emprego, quem ficou sem nada, em setores que não vão conseguir reconstruir-se tão depressa”, sendo o turismo um desses exemplos.

“E outras respostas que o país precise que garantam o emprego e que garantam salários dignos, desde logo nas profissões de cuidados em que tanto é necessária essa presença de mais trabalhadores”, apontou.

Este apoio dado pela autarquia de Lisboa “é uma resposta de fim de linha”, explicou Catarina Martins, uma vez que muitas pessoas “nunca tinham precisado de apoio social” e, trabalhando no turismo, na restauração, nos eventos, nos aeroportos, de forma precária, “de um momento para o outro ficaram sem nada, zero”.

“É preciso uma resposta pública forte que compreenda que esta crise é profunda, afeta todos os setores”, defendeu.

Também nesta área, Catarina Martins espera respostas do orçamento suplementar para garantir que apoios como este da Câmara de Lisboa existem “em todo o país e chegam a toda a gente”.

“O Governo anunciou um aumento do fundo que faz o apoio, mas de apenas 40% das refeições e isso não chega. Só aqui em Lisboa, de responsabilidade da autarquia, do pelouro que o Bloco de Esquerda ocupa na Câmara de Lisboa, passaram de 300 para 15 mil refeições. Isto não é um pequeno aumento. É mesmo preciso, decididamente, compreender a emergência social e ter um grande aumento da resposta e o orçamento suplementar deve dar essa resposta”, apelou.

Se para um município da dimensão de Lisboa “é complicado”, a coordenadora do BE lembra que “há autarquias que têm muito menos dinheiro do que Lisboa e, portanto, se não tiverem essa solidariedade do resto do país não vão conseguir dar essa resposta social”.

Catarina Martins fez questão de começar por “agradecer a todas as pessoas”, não só nestas cantinas, mas em todo o país, “que organizaram respostas públicas inovadoras para não deixar as pessoas cair, para estarem lá quando alguém perdeu tudo”.

“As pessoas que aqui estão trabalham incansavelmente, trabalharam sempre. No estado de emergência, quando era difícil viajar, fizeram-no, estão aqui dedicadas e queremos agradecer a estes trabalhadores e dizer que também está na hora de pessoas que têm estas funções essenciais terem salários que respondam por aquilo que fazem porque como sabem têm dos salários mais baixos deste país”, disse.

BE debate candidatura presidencial antes do fim do verão

O BE vai debater a corrida presidencial “ainda antes do final do verão”, adiantou à Lusa fonte do partido, depois de a líder bloquista, Catarina Martins, ter afirmado que “o Bloco de Esquerda, no seu tempo”, apresentaria “a sua candidatura”.

No início da semana, questionada sobre a possibilidade de a socialista Ana Gomes concorrer à próximas eleições presidenciais e se o partido a apoiaria, Catarina Martins considerou que o PS "anda muito agitado" com um tema que "não é uma prioridade", mas deixou claro que “o Bloco de Esquerda, no seu tempo, apresentará naturalmente a sua candidatura”.

Hoje, fonte bloquista, garantiu à agência Lusa que “o Bloco debaterá a candidatura presidencial ainda antes do final do Verão”.

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