Marcelo sugere que Governo pondere prolongar o lay-off - TVI

Marcelo sugere que Governo pondere prolongar o lay-off

  • .
  • AG
  • 20 mai 2020, 15:34

Medida foi avançada como forma de conter o aumento do desemprego

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sugeriu esta quarta-feira que o Governo pondere prolongar o lay-off, se houver disponibilidade financeira para isso, para conter o aumento do desemprego.

Em declarações aos jornalistas à porta do restaurante "A Valenciana", em Lisboa, onde almoçou num sinal de apoio ao setor da restauração, o chefe de Estado considerou que o aumento do número de desempregados em abril "era esperável" e foi "muito contido por causa do lay-off.

E aí eu penso que há que ponderar até que ponto é possível ou não - o Governo saberá - prolongar o lay-off um pouco mais, se houver disponibilidades financeiras, nomeadamente europeias, porque o lay-off tem sido uma almofada amortecedora", afirmou.

"São centenas de milhares de trabalhadores que não passaram ao desemprego e estão num compasso de espera a acompanhar a retoma da atividade económica", salientou.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou, contudo, que é preciso haver "disponibilidade financeira" e remeteu a questão para o executivo: "O Governo saberá se é possível prolongar um pouco mais ou não o 'lay-off'".

Quanto ao aumento do número de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) em 22,1% registado em abril face ao mês anterior, segundo o chefe de Estado "é um numero que não ultrapassa aquilo que se esperava", e "a explicação é o lay-off".

É uma subida de 22% sobre a percentagem global de desempregados, o que quer dizer que passa para um valor que ainda é claramente inferior a 10% o 9%" , referiu o Presidente da República, acrescentando que "havia quem esperasse muito pior já em abril".

"É importante saber qual o tratamento europeu perante companhias aéreas"

O Presidente da República defendeu ainda que "é importante saber qual é o tratamento europeu perante as companhias aéreas" e disse não querer falar sobre a TAP para não dificultar mais a situação.

Em declarações aos jornalistas à porta do restaurante "A Valenciana", em Lisboa, questionado sobre a situação da TAP, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Sobre essa matéria eu penso que o Presidente da República não deve pronunciar-se". 

Tudo o que eu possa dizer neste momento não facilita, dificulta. E, portanto, eu não vou dificultar uma realidade que já não é fácil", justificou.

O chefe de Estado disse que esta "é uma matéria que está a ser tratada por quem deve ser tratada: pelo Governo e naturalmente pela própria TAP, e de alguma maneira também em permanente diálogo entre o Governo e as autoridades europeias".

Referindo-se às autoridades europeias, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a sua ação "não é irrelevante, porque é um problema em parte comum com outras companhias aéreas".

E é importante saber qual é o tratamento europeu perante as companhias aéreas", defendeu.

Na terça-feira, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, afirmou na Assembleia da República que "o Estado português vai partir para uma negociação com a TAP" em que não pode "excluir nenhum cenário" para a companhia aérea, "inclusivamente o da própria insolvência da empresa, porque obviamente o Estado não pode estar capturado, algemado numa negociação com privados".

Emissão de dívida a juros negativos "é um bom sinal"

O Presidente da República destacou hoje a emissão de dívida no valor 1.750 milhões de euros a juros negativos, que considerou "um bom sinal", salientando a importância dos mercados financeiros para a recuperação económica de Portugal. 

Hoje houve uma boa notícia, a dívida emitida hoje foi emitida a juro inferior às últimas emissões. E é uma dívida de curto prazo, em que as pessoas estão muito sensíveis a acreditar no que se passa neste momento na economia portuguesa. Isso é um bom sinal", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações aos jornalistas à porta do restaurante "A Valenciana", em Lisboa, onde hoje almoçou num gesto de apoio ao setor da restauração, o chefe de Estado reiterou a ideia de que Portugal vai enfrentar "uma crise de anos" e só em 2022 voltará ao ponto em que estava antes da pandemia de covid-19 em termos económicos.

"Agora, como é que vai evoluir a situação? Vai depender muito do regresso à atividade económica, vai depender das exportações", referiu, acrescentando que também "vai depender naturalmente daquilo que os mercados pensam de Portugal".

No plano europeu, o Presidente da República voltou a manifestar expectativa na aprovação do projeto apresentado pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, de um Fundo de Recuperação no valor de 500 mil milhões de euros para as economias afetadas pela pandemia de covid-19.

É isso somado que nós queremos que nos permita - sabendo que a crise é uma crise para este tempo, até 2022 - que a recuperação seja mais rápida do que mais lenta. E é isso que se vai ver nos próximos meses", acrescentou.

O Estado português emitiu hoje dívida a seis e doze meses no valor de 1.750 milhões de euros, num duplo leilão de dívida realizado pela Agência da Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).

Em Bilhetes do Tesouro a doze meses foram colocados mil milhões de euros, com uma taxa de -0,351% - no leilão de abril tinha sido de 0,038% - e a seis meses 750 milhões de euros com uma taxa de -0,411% - que compara com -0,089% do leilão de março.

Em Portugal, morreram 1.263 pessoas das 29.660 confirmadas como infetadas, e há 6.452 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde. 

Continue a ler esta notícia