De "boom cor-de-rosa" a "embuste": foi isto que o ex-Governo deixou - TVI

De "boom cor-de-rosa" a "embuste": foi isto que o ex-Governo deixou

PS reage aos dados económicos sobre o crescimento e o desemprego, dizendo que situação do país não é como PSD e CDS diziam. PCP e BE alinham no mesmo discurso

O PS já tem em mãos os destinos do país, mas continuam a sair dados económicos ainda relativos à governação PSD/CDS-PP. Ao abrandamento do crescimento económico no terceiro trimestre e ao desemprego estável em outubro, o porta-voz socialista reagiu dizendo que os dados vêm "desmentir" o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas. 

"Os dados hoje conhecidos não devem servir para jogo de passa culpas [mas] desmentem a narrativa eleitoral do governo. Deixam perceber que a situação não é tão cor-de-rosa como queriam fazer passar PSD e CDS e que o Governo [PS] deve ter ainda mais empenho na aplicação do programa"


João Galamba disse ainda, aos jornalistas, no Parlamento, que é "responsabilidade" do atual Governo, "acima de tudo, alterar este ciclo de estagnação", pelo que os dados do INE - forte abrandamento do investimento e o consumo privado a desacelerar; bem como o desemprego ainda nos 12,4% - dão "ainda mais força à importância do programa de Governo", que será discutido quarta e quinta-feira, na Assembleia da República, e  do novo orçamento.

É preciso, advogou, "começar desde já por em prática politica económica diferente, sobretudo no investimento, já que a estratégia anterior mostrou não dar resultado. Precisamos de outras políticas, é isso que programa do novo governo se propõe executar". "O que isto diz ao novo govenro é que torna apenas ainda mais necessário e urgente as prioridades definidas no programa", reforçou.

Sobre o cumprimento do défice, para que Portugal saia do procedimento de défices excessivos (com um défice inferior a 3% como ditam as regras europeias), João Galamba disse que "o objetivo é garantir que isso acontece". "Vamos fazer os possíveis", afirmou, dizendo que o PS tem um conjunto "conhecido" de políticas e prioridades" ainda "mais justificadas e mais importantes" perante estes dados.

Eram estas as surpresas desagradáveis de que falava António Costa na TVI? João Galamba não respondeu diretamente. Disse apenas o PS "sempre contestou a narraitva fantasiosa do Governo". A esse propósito, lembrou as declarações da ex-ministra das Finanças sobre a devolução da sobretaxa e da aceleração económica. 

Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, corroborou, com uma reação mais técnica aos dados hoje conhecidos: "Não há um boom de investimento, há uma desaceleração do investimento; não há um crescimento sustentado do consumo, o consumo também está a desacelerar e por isso a procura interna contrai e, ao contrário do que foi dito, as exportações ainda não são um motor de crescimento, porque contributo quando descontadas as importações continua a ser negativo".

"A situação muito diferente daquilo que o anterior de Governo dizia e disse que iríamos encontrar e acho que chama e comprova a necessidade de alteração de uma política económica. Depois de quatro anos de política económica que não conseguiu produzir o crescimento desejado, está na altura de compreender que é só devolvendo rendimentos às pessoas que conseguimos criar a pressão da procura interna para colocar a economia a crescer".


Da parte do PCP, que também assinou um acordo parlamentar com o PS, para apoiar o Governo de António Costa, António Filipe defendeu que os dados do INE mostram que PSD e CDS-PP criaram um "enorme embuste" na campanha eleitoral.

"Vieram tornar claro o enorme embuste que foi o discurso eleitoral da coligação PSD/CDS. Dados são referentes ao terceiro trimestre, julho, agosto e setembro, abrangendo um período que dirigentes do PSD e CDS davam conta do crescimento da economia portuguesa e de boas perspetivas de superação da crise", lembrou.

Já os partidos que compunham a anterior governação reagiram de maneira diferente: o PSD acusou "as esquerdas" de estarem a fazer uma  “tentativa não séria de reescrever a história”
; o CDS-PP atribuiu à "instabilidade política"
a culpa pelo abrandamento da economia. 

 
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