Ferreira Leite: estratégia de Sócrates é «passa-culpas»

Manuela Ferreira Leite não dá tréguas ao programa apresentado pelo XVIII Governo Constitucional e considera mesmo que, se fosse concretizado, o que não acredita que se confirme, «seria a ruína» dos portugueses.

«Esta legislatura é bem diferente de há quatro anos e a diferença é toda para pior. Sócrates desbaratou as condições excepcionais de governação de que dispôs. O Governo serviu-se da crise como pretexto de todos os falhanços», afirmou, esta quinta-feira à tarde.

Segundo a presidente social-democrata, o «PS preferiu ignorar a evidência dos sinais» e a «estratégia de passa-culpas foi usada até à exaustão».

«O programa insiste em omitir estratégias para enfrentar os temas mais graves. É um programa ditado pela má consciência. O PS deturpa as estatísticas para justificar os maus resultados», criticou.

Para Ferreira Leite, Sócrates quer «manter os seus erros», «insistir» e «ignorar a realidade», «atribuindo as responsabilidades aos outros».

«É um espectáculo no mínimo insólito: o Governo não explica como vai executar o que promete. Mas é preferível que este programa seja uma ficção do que uma realidade. Seria a nossa ruína», frisou.

Como tal, o PSD «reafirma que esta política é enganosa». «O nível de confiança nas instituições públicas tem diminuído drasticamente. Fomentou-se e justificou-se o êxito individual, quebraram-se cadeias de solidariedade e de cooperação, faz-se ameaças à liberdade de expressão e o exercício do poder surge aos olhos dos cidadãos como um circuito fechado do qual se sentem excluídos», disse.

«Comportamento de Sócrates é lastimável»

O líder parlamentar do PS confrontou a líder do PSD com lembranças do seu passado governativo, nomeadamente em relação ao TGV. «O que contribui para a descredibilização das instituições democráticas é a mudança de posição, é falar de asfixia democrática no país e achar que a Madeira é o exemplo de uma sociedade aberta, democrática e tolerante», atirou.

Francisco Assis sublinhou ainda que «o PSD está em oposição clara a tudo o que se está a fazer na Europa», referindo-se às estratégias do Governo que passam pelo aumento da despesa pública e do investimento público.

E Ferreira Leite contrapôs: «Nada mais desprestigia a classe política do que ter um primeiro-ministro que conta as vezes que vem à Assembleia da República, mas não conta o número de respostas que dá, que é zero. O comportamento do primeiro-ministro é lastimável.»