José Sócrates e Jerónimo de Sousa protagonizaram esta noite um debate delicado na forma embora divergente no conteúdo. «Temos uma relação muito boa do ponto de vista pessoal», admitiu o próprio José Sócrates logo no arranque do frente-a-frente. Mais tarde, à saída, o PM confessou: «Gostei do debate com o Jerónimo de Sousa, uma pessoa com quem mantenho uma excelente relação pessoal».
Sócrates: «Não falei com administradores da Prisa ou TVI»
À convergência do traje (fato escuro, gravata vermelha) Jerónimo juntou o «adormecimento pela canção suave de José Sócrates», conforme comentava minutos após o fim do debate o jornalista e comentador da RTPN Ricardo Jorge Pinto.
Dentro do estúdio, o secretário-geral socialista começou com uma dúvida/indignação: «Não percebo por que é que o PCP faz do PS o seu alvo principal».
Na réplica, o secretário-geral comunista, aproveitou também o repto da moderadora [«prefere a vitória do PS ou do PSD?»] para responder com uma pergunta: «Nas questões estruturantes qual é a diferença entre os social-democratas e o executivo socialista?».
«Este Governo do PS é o do Código de Trabalho, que atacou os direitos dos reformados, que criou aflições aos agricultores», exemplificou Jerónimo, perante um primeiro-ministro empenhado em responder com números:
Sócrates: retirámos 220 mil idosos da pobreza
«Jerónimo de Sousa, com toda a simpatia, aumentámos o salário mínimo em 10 por cento, aumentámos 25 por cento o abono de família. É o maior aumento desde o 25 de Abril»; «tirámos 220 mil idosos da pobreza, com o complemento solidário para idosos»; «temos 900 mil portugueses a frequentar o programa novas oportunidades».
«Uma coisa é a direita e outra é o PS e sempre que o PS enfraqueceu foi a direita para o poder», defendeu o PM, que antes já bipolarizara a vitória entre o PS e PSD. Jerónimo considerou tratar-se de «uma espécie de chantagem».
Antes disso e questionado o primeiro-ministro sobre se admite pedir o apoio do PCP para uma coligação, Sócrates respondeu que «este não é o momento para pensar nisso».
Ao longo da legislatura não faltaram acusações do Governo ao PCP, designadamente no que toca à suposta instrumentalização dos sindicatos contra o Executivo. O tema entrou no debate pela mão da moderadora.
Jerónimo aproveitou, então, para criticar «a posição muitas vezes arrogante do Governo, ao hostilizar os sindicatos e os trabalhadores». Mais: «Este Governo não foi capaz de perceber que aquelas manifestações não eram manipuladas; as pessoas participavam com verdadeira indignação e não por causa da força do PCP».
Sobre o mea culpa recente do primeiro-ministro em relação à forma como lidou com os professores, admitindo que faltou delicadeza, o candidato comunista garantiu: «Isto não vai lá com delicadezas».
«Um jovem que trabalhe sete meses não tem direito a subsídio de desemprego», atirou o líder comunista no capítulo do desemprego e das medidas de emergência, ao que Sócrates respondeu com «35 mil pessoas inscritas nas IPSS» e uma cobertura do subsídio de desemprego de 3 anos, a maior, se excluirmos o exemplo belga, precisou
«É possível fazer mais», admitiu Sócrates. «Há medidas pontuais positivas» mas falha o conjunto, considerou Jerónimo que rematou: «Sócrates fala de um país que eu não conheço».
À saída do estúdio, e questionado sobre o caso TVI, o PM reiterou que não interveio na extinção do Jornal de Sexta, e acusou o Governo PSD/PP pela intervenção no afastamento de Marcelo Rebelo de Sousa do mesmo canal: «Que bela moral eles têm para falar».
«Sócrates fala de um país que eu não conheço»
- Redação
- CR
- 5 set 2009, 22:35
Líder do PS e Jerónimo de Sousa delicados no trato e divergentes no conteúdo
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