O ministro da Defesa reafirmou esta quarta-feira, em Bruxelas, a disponibilidade de Portugal em participar numa possível missão da NATO no Iraque, que não se irá confundir com a ação da coligação contra os extremistas do Estado Islâmico (EI).
Perante a possibilidade de uma “futura missão de projeção de estabilidade”, Portugal “em princípio, afirmou a sua disponibilidade, para participar”, afirmou José Azeredo Lopes, no segundo e último dia de reunião de ministros da Defesa da NATO.
O governante escusou-se a avançar números da eventual participação portuguesa, por, nomeadamente, ainda se desconhecer a “natureza da missão”, acrescentando, porém, que “não vai ser uma missão que se confunda com aquilo que está a fazer a coligação anti EI”.
Não se devem confundir os dois planos porque senão há sobreposição e há concorrência. Será, sobretudo, como parece estar a desenhar-se, uma missão de projeção de estabilidade, que poderá passar por atividades” como a formação e a logística, disse.
Caso se concretize esta operação, Portugal vai “ponderar, tomando em consideração” os seus constrangimentos e a sua dimensão.
Mas projetando sempre o nome de Portugal na organização, até porque isso é também uma forma de projetarmos o país nas relações externas”, resumiu.
No mesmo local, a 20 de maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, tinha afirmado o apoio de Portugal a uma eventual decisão da NATO de aumentar as capacidades de formação no Iraque, onde estão 32 militares portugueses em serviço.
Portugal “exprimiu a sua disponibilidade para apoiar um novo passo, se a NATO entender fazê-lo, na cimeira de Varsóvia”, que passa por aumentar as capacidades de formação no interior do país, “mais uma vez a pedido das autoridades iraquianas”, afirmou o governante.
Sobre o envio de forças nacionais para a República Centro Africana, o ministro da Defesa justificou hoje com o facto de ter sido a França a solicitar o apoio da comunidade internacional para missões de combate ao terrorismo transnacional e por ser uma operação de “segurança e de reforço de segurança da missão da União Europeia”.
“E porque corresponde a uma opção da política externa portuguesa, muito consolidada, e que resulta do próprio programa de Governo que é um certo regresso à Organização das Nações Unidas”, disse.
Há uma dimensão de segurança, há uma dimensão de projeção de estabilidade e há uma dimensão que, de forma indireta, permitimos que outro país possa alocar recursos a um combate mais tradicional, infelizmente, na Síria e um combate, menos tradicional, em que procuramos ser mais eficientes (o terrorismo transnacional”, referiu.
Nesta reunião na sede da NATO, em Bruxelas, Portugal argumentou ainda a “posição de equilibro” que deve haver entre a zona Leste e a zona Sul, com Azeredo Lopes a congratular-se por a carta assinada por Portugal, Espanha, França e Itália ter sido apoiada pelo secretário-geral da organização.
A carta, segundo o ministro, indica que a NATO deve “manter o equilíbrio entre as duas abordagens: a do flanco Leste” e a do “flanco Sul, que resulta de uma ameaça global e permanente e que não se repercute apenas no Sul”, como provaram os atentados reivindicados pelos extremistas do Estado Islâmico em Bruxelas.