«Nem todos os que deixaram de estar desempregados arranjaram emprego» - TVI

«Nem todos os que deixaram de estar desempregados arranjaram emprego»

Paulo Sá

Deputado do PCP, Paulo Sá, defendeu hoje uma «análise mais fina» aos números do desemprego publicados pelo INE

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O deputado do PCP Paulo Sá defendeu hoje uma «análise mais fina» aos números do desemprego publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), avançando que «nem todos os que deixaram de estar desempregados arranjaram emprego».

«Temos de fazer uma análise mais fina dos dados. Se olharmos para este mesmo período, verificamos que emigraram cerca de 63 mil portugueses e foram para cursos de formação no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) cerca de 43.500 trabalhadores. Ou seja, mais de 100 mil trabalhadores, deixando de contar para as estatísticas do desemprego», disse o deputado comunista, nos Passos Perdidos do parlamento.

A taxa de desemprego caiu para os 13,1% no terceiro trimestre deste ano, uma queda homóloga de 2,4 pontos percentuais e um recuo de 0,8 pontos face ao trimestre anterior, segundo o INE, ou seja, uma população desempregada de 688,9 mil pessoas, o que representa uma diminuição trimestral de 5,5% e uma queda homóloga de 16%, ou seja, menos 40 mil e menos 131 mil pessoas, respetivamente.

«Na realidade, nem todos aqueles que deixaram de estar desempregados arranjaram emprego. Muitos viram-se forçados a emigrar, outros foram fazer cursos de formação temporários. Deixaram de contar para as estatísticas. A redução da taxa de desemprego de 15,5 para 13,1% não reflete a realidade», continuou o parlamentar comunista.

De acordo com o INE, a diminuição trimestral verificada no terceiro trimestre de 2014 veio «confirmar a interrupção observada no segundo trimestre de 2013 de um período de quase dois anos de acréscimos sucessivos da população desempregada», enquanto a população empregada foi de 4,56 milhões de pessoas, o que corresponde a um aumento trimestral de 1,1% (mais 50,5 mil pessoas) e homólogo de 2,1% (mais 95,7 mil pessoas).

BE desvaloriza «foguetório» do Governo

A deputada do BE Mariana Aiveca considerou hoje, nos Passos Perdidos do Parlamento, que o Governo não tem razão para «foguetório» face à descida do desemprego porque os números, publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) estão «mascarados».

«O número de 13,1% de desemprego é uma preocupação grande e reflete um desemprego estrutural muitíssimo alto. O Governo não tem nenhuma razão para fazer um foguetório com estes números porque, na nossa perspetiva, eles estão mascadaros», disse.

Segundo a parlamentar bbloquista, «não estão considerados os estágios profissionais, os Contratos Emprego Inserção, o trabalho voluntário e também o número de trabalhadores e trabalhadores que emigraram».

«Há milhares e milhares de pessoas que não fazem parte da estatística, ocupam postos de trabalho permanentes, não são também desempregados, ou seja, não contam nas estatísticas do desemprego, mas também não contam nas do emprego», afirmou Mariana Aiveca.

PS considera «positivo» menor desemprego

O deputado socialista Nuno Sá considerou hoje «positivo» o balanço do Instituto Nacional de Estatística (INE) de descida da taxa de desemprego, mas avisou para o efeito da emigração e da ocupação de trabalhadores de diversas formas.

«Com toda a naturalidade, assumimos que a baixa do desemprego e notícias, factos e números que apontem nesse sentido, é algo que devemos saudar e é positivo para o nosso país», afirmou no Parlamento, embora salvaguardando que, «por um lado, há uma emigração que continua a agravar-se, por outro um número de trabalhadores ocupados muito grande».

«Entre 2011 e 2013, mais de 350 mil portugueses emigraram. Face ao desemprego, os portugueses respondem com emigração», lamentou o parlamentar do PS.

«Por outro lado, no último ano, entre 2013 e 2014, o número de ocupados - ou seja, trabalhadores que estão a ser subsidiados, em programas de Contratos de Inserção, Inserção +, formação e estágios profissionais, suportados pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) -, num só ano, aumentaram em 70 mil», acrescentou Nuno Sá, referindo ainda 25.600 casos só na administração pública.
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