"O INE confirmou hoje que no segundo trimestre de 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,5%. Os portugueses, empresários e trabalhadores, estão de parabéns, mas este valor é metade do previsto pelo Governo e acontece após um período de enorme sofrimento para a economia."
Já sobre a redução da taxa de desemprego para 12,1%, Mário Centeno contrapôs que "o mercado de trabalho voltou a encolher".
"Entrámos no 15.º trimestre em que a população ativa cai, uma redução de 0,5% em termos homólogos", sustentou o coordenador do cenário macroeconómico socialista.
Na conferência de imprensa, Mário Centeno, doutorado por Harvard e quadro do Banco de Portugal, aproveitou também os dados do INE para criticar o modelo seguido pela economia portuguesa, referindo que a procura interna teve um contributo de 3,4 pontos percentuais, enquanto as exportações líquidas baixaram 1,9 pontos percentuais.
"Estes números refletem o falhanço da coligação de direita [PSD/CDS] na transformação estrutural da economia portuguesa. Uma política sem rumo e que não conseguiu trazer de volta o investimento e a confiança ao país."
Questionado se é compreensível que o PS critique uma redução do desemprego para um valor que já não se verificava desde 2010, Mário Centeno advogou que "o problema com os números do desemprego é que eles têm de valer em conjunto com os números do emprego".
"Os processos emigratórios em curso em algumas economias, caso da portuguesa, levam a um encolhimento do mercado de trabalho, que se traduz numa redução da população ativa (pessoas com emprego e dispostas a trabalhar). Esse número não deixou de cair desde o primeiro trimestre de 2012, num total de 45 meses em queda."
Ainda a propósito da situação do mercado de trabalho no país, logo na sua intervenção inicial, o candidato independente pelo PS tinha acusado a coligação PSD/CDS de classificar como "um sucesso" a existência de 650 mil desempregados, "a que se juntam 250 mil desencorajados e os mais de 350 mil emigrantes".
"Se a estes juntarmos os mais de 160 mil estagiários e os 20% que recebem o salário mínimo ficamos com uma ideia muito clara do legado destes quatro anos de Governo: Desigualdade, desemprego e emigração."
Também no que se refere aos dados sobre o crescimento económico e ao investimento no segundo trimestre deste ano, Mário Centeno advertiu que a evolução em ambos os casos é mais favorável em Espanha e Irlanda.
"Na Grécia a taxa homóloga é semelhante à portuguesa e o crescimento em cadeia é o dobro."
Depois, numa alusão às recentes críticas feitas pelo presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, ao programa eleitoral dos socialistas, Mário Centeno contrapôs: "Conto para crianças é a versão de ‘Pedro e o lobo' que o primeiro-ministro nos quer contar". "Todos sabemos o que valem os anúncios de Pedro", acrescentou.
O INE confirmou esta segunda-feira que o Produto Interno Bruto registou, em termos homólogos, um aumento de 1,5% em volume no segundo trimestre de 2015. Já em relação ao desemprego, a taxa recuou em julho para 12,1%. Um valor que é inferior em 0,2 pontos percentuais à estimativa definitiva obtida para junho de 2015. Só em outubro de 2010 a taxa foi tão baixa, de 12%.