Passos quer contar-nos uma "versão de 'Pedro e o lobo'" - TVI

Passos quer contar-nos uma "versão de 'Pedro e o lobo'"

  • Redação
  • SS - atualizada às 17:48
  • 31 ago 2015, 17:13
Mário Centeno [Foto: Lusa]

PS considera que o crescimento da economia estimado pelo INE é metade do valor previsto pelo Governo e que pelo 15.º trimestre a população ativa está a diminuir

O PS considera que o crescimento da economia portuguesa estimado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) é metade do valor previsto pelo Governo e que pelo 15.º trimestre a população ativa está a diminuir. A posição dos socialistas foi transmitida em conferência de imprensa por Mário Centeno, candidato independente a deputado pelo PS e coordenador do cenário macroeconómico socialista. Centeno aproveitou ainda para deixar uma farpa a Passos Coelho, sublinhando que o primeiro-ministro quer contar a história de "Pedro e o lobo", mas "todos sabem o que valem os anúncios de Pedro".
 

"O INE confirmou hoje que no segundo trimestre de 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,5%. Os portugueses, empresários e trabalhadores, estão de parabéns, mas este valor é metade do previsto pelo Governo e acontece após um período de enorme sofrimento para a economia."


Já sobre a redução da taxa de desemprego para 12,1%, Mário Centeno contrapôs que "o mercado de trabalho voltou a encolher".

"Entrámos no 15.º trimestre em que a população ativa cai, uma redução de 0,5% em termos homólogos", sustentou o coordenador do cenário macroeconómico socialista.


Na conferência de imprensa, Mário Centeno, doutorado por Harvard e quadro do Banco de Portugal, aproveitou também os dados do INE para criticar o modelo seguido pela economia portuguesa, referindo que a procura interna teve um contributo de 3,4 pontos percentuais, enquanto as exportações líquidas baixaram 1,9 pontos percentuais.

"Estes números refletem o falhanço da coligação de direita [PSD/CDS] na transformação estrutural da economia portuguesa. Uma política sem rumo e que não conseguiu trazer de volta o investimento e a confiança ao país."


Questionado se é compreensível que o PS critique uma redução do desemprego para um valor que já não se verificava desde 2010, Mário Centeno advogou que "o problema com os números do desemprego é que eles têm de valer em conjunto com os números do emprego".

"Os processos emigratórios em curso em algumas economias, caso da portuguesa, levam a um encolhimento do mercado de trabalho, que se traduz numa redução da população ativa (pessoas com emprego e dispostas a trabalhar). Esse número não deixou de cair desde o primeiro trimestre de 2012, num total de 45 meses em queda."


Ainda a propósito da situação do mercado de trabalho no país, logo na sua intervenção inicial, o candidato independente pelo PS tinha acusado a coligação PSD/CDS de classificar como "um sucesso" a existência de 650 mil desempregados, "a que se juntam 250 mil desencorajados e os mais de 350 mil emigrantes".

"Se a estes juntarmos os mais de 160 mil estagiários e os 20% que recebem o salário mínimo ficamos com uma ideia muito clara do legado destes quatro anos de Governo: Desigualdade, desemprego e emigração."


Também no que se refere aos dados sobre o crescimento económico e ao investimento no segundo trimestre deste ano, Mário Centeno advertiu que a evolução em ambos os casos é mais favorável em Espanha e Irlanda.

"Na Grécia a taxa homóloga é semelhante à portuguesa e o crescimento em cadeia é o dobro."


Depois, numa alusão às recentes críticas feitas pelo presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, ao programa eleitoral dos socialistas, Mário Centeno contrapôs: "Conto para crianças é a versão de ‘Pedro e o lobo' que o primeiro-ministro nos quer contar".  "Todos sabemos o que valem os anúncios de Pedro", acrescentou.

 O INE confirmou esta segunda-feira que o Produto Interno Bruto registou, em termos homólogos, um aumento de 1,5% em volume no segundo trimestre de 2015. Já em relação ao desemprego, a taxa recuou em julho para 12,1%. Um valor que é inferior em 0,2 pontos percentuais à estimativa definitiva obtida para junho de 2015. Só em outubro de 2010 a taxa foi tão baixa, de 12%. 
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