A troca de cartas entre Sócrates e Soares na prisão - TVI

A troca de cartas entre Sócrates e Soares na prisão

Antes e depois da política

Ex-primeiro-ministro lembra a noite em Paris que antecedeu a sua detenção e dá a entender que sabia o que o esperava em Lisboa. Soares tece duras críticas à Procuradoria-Geral da República e ao juiz Carlos Alexandre

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Uma troca de cartas entre José Sócrates, já depois de este ter sido preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora, e Mário Soares, a que o «Jornal de Noticias» teve acesso, reafirma a proximidade entre os líderes socialistas e não poupa nas críticas à forma como o caso tem sido tratado pelas autoridades e entidades responsáveis. 
 
As cartas foram trocadas a propósito dos 90º aniversário de Mário Soares. Sócrates escreveu um longo texto ao histórico líder socialista a 7 de dezembro, onde reforça a ideia da sua inocência.

O ex-primeiro-ministro lembra a «noite abracadabrante em Paris» durante a qual teve conhecimento da «violência e terror» a que estavam a ser sujeitos os filhos, a família e os amigos. Palavras que sugerem que Sócrates sabia o que o esperava quando aterrasse no aeroporto de Lisboa.

O socialista escreve que «de coração limpo» avançou para «fazer frente» às «infâmias» e «humilhações» que estavam a ser preparadas contra ele e lança a questão: «Perigo de fuga?! Mas que gente é esta, Mário Soares?».

Uma ideia que Soares também dá a entender na resposta enviada dezasseis depois, a 23 de dezembro.

«Prender-se sem qualquer julgamento prévio, alguém que veio voluntariamente para o seu país, sabendo que ia ser preso, significa um gesto, que, se houvesse Justiça, não podia ter qualquer razão de ser», escreve Soares.


Se as palavras de Sócrates surgem envoltas em metáforas, com as referências à filosofia que são muito habituais no seu discurso, Soares é, pelo contrário, direto e incisivo. Na carta enviada a Sócrates, o histórico do PS não poupa nas críticas à forma como o caso tem sido tratado e aponta o dedo à Procuradoria Geral da República e ao juiz Carlos Alexandre.

«A intervenção da Procuradoria Geral da República, se tivesse qualquer sentido democrático, também o que se passou consigo nunca podia acontecer», diz Soares.

Mário Soares fala ainda nos que querem «destruir politica e eticamente» o ex-primeiro ministro e saúda a «honradez e valentia» de Sócrates.

 

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