Marcelo: "Paris é como uma segunda capital de Portugal" - TVI

Marcelo: "Paris é como uma segunda capital de Portugal"

Presidente português reuniu-se com o homólogo francês em Paris. François Hollande vai retribuir a visita em julho. Emigrantes condecorados em cerimónia em que Marcelo quebrou o protocolo e se mostrou emocionado

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta sexta-feira que Portugal e França têm a mesma visão europeia em várias áreas e que conta com o apoio de François Hollande nas questões económicas.

França tem uma grande comunidade portuguesa. Paris é como uma segunda capital de Portugal. Temos uma visão europeia sobre estado social, crescimento, emprego e refugiados e também temos a mesma visão sobre o papel da Europa. Portugal conta com o apoio da França para a ajudar Portugal nas questões económicas", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração proferida no Palácio do Eliseu, em francês, após um encontro com o seu homólogo, François Hollande.

A candidatura de António Guterres a secretário-geral da ONU, a segurança e o terrorismo, o futuro da zona euro e as relações bilaterais em Portugal e França foram os temas discutidos numa reunião que durou cerca de 30 minutos.

Ficou acordado também que François Hollande visitará Portugal em julho, depois do dia 14, que é o Dia Nacional de França.

Por seu turno, o presidente francês, François Hollande, defendeu que França e Portugal devem "intensificar as suas relações económicas" e trabalhar juntos num período europeu de "interrogações e inquietude".

"É uma honra ter ao mesmo tempo o Presidente e o Primeiro-Ministro de Portugal aqui em Paris, para festejar o dia nacional do seu país. Portugal é um país perfeitamente comprometido com o projeto europeu, tal como França, e devemos trabalhar juntos neste período de interrogações e inquietude. Trabalhamos juntos para que as relações culturais sejam reforçadas e as relações económicas devem ser intensificadas", disse Hollande.

Marcelo chegou ao Palácio do Eliseu às 17:50 (16:50 horas de Lisboa) no mesmo carro que o primeiro-ministro, António Costa. Depois da parada da guarda de honra, François Hollande recebeu os governantes portugueses junto às escadas que dão acesso à residência oficial do presidente francês.

Na comitiva portuguesa estava também o ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, o secretário de Estados das comunidades, José Luís Carneiro, e o embaixador português em Paris, José Filipe Moraes Cabral.

O encontro entre Marcelo e Hollande fez parte do programa das comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses, dividindo-se este ano, e de forma inédita, entre Lisboa e Paris.

Marcelo quebra o protocolo durante as condecorações dos emigrantes

Depois do encontro, os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de França, François Hollande, condecoraram os quatro portugueses residentes na capital francesa que prestaram auxílio a vítimas dos atentados de 13 de novembro.

Margarida de Santos Sousa, José Gonçalves, Manuela Gonçalves e Natália Teixeira Syed foram condecorados com o grau de Dama/Cavaleiro da Ordem da Liberdade, numa cerimónia realizada no Salão de Festas da Câmara Municipal de Paris, inserida nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Quebrando o protocolo, o chefe de Estado português convidou François Hollande a atribuir duas das quatro condecorações.

Vou mudar as regras das condecorações honoríficas portuguesas, que não permitem a um chefe de Estado estrangeiro condecorar os portugueses", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois, o Presidente francês condecorou José Gonçalves e Margarida de Santos Sousa, e o Presidente português atribuiu as condecorações a Manuela Gonçalves e Natália Teixeira Syed.

O chefe de Estado fez, então, o seu segundo discurso do 10 de Junho perante centenas de portugueses e lusodescendentes, no Salão de Festas da Câmara Municipal de Paris, centrando-se na ligação entre Portugal e França e no papel da comunidade portuguesa neste país.

Marcelo Rebelo de Sousa falou a maior parte do tempo em francês, mas no final pediu ao Presidente francês, François Hollande, para se dirigir em português aos cerca de 800 convidados:

Queridos portugueses, queridos compatriotas, é com grande emoção que aqui estou, com o senhor primeiro-ministro [António Costa]".

"Aqueles que aqui estão são dos melhores de todos nós", disse-lhes, recordando os inúmeros portugueses que "saíram, faz agora 50 anos, numa situação de pobreza, de dificuldade, de penosidade, para partir para longe, para recomeçar a vida, sozinhos".

A França não esquece, mas Portugal ainda esquece menos. A vossa coragem, a coragem dos vossos avós, dos vossos pais, que se transmita para os vossos filhos e os vossos netos. Vós sois dos melhores de todos nós. O Presidente da República Portuguesa, em nome de todas as portuguesas e de todos os portugueses, vos agradece o vosso exemplo. Bem hajam", concluiu.

No final do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa combinou o francês e o português, exclamando "vive Paris, vive la France, viva Portugal".

Portugal honra a França. Neste dia de abertura do Euro e de festa nacional portuguesa, sabemos o que representa este protocolo excecional. Em França, será que seria possível ao presidente da República e ao primeiro-ministro ir festejar o 14 de julho noutra capital a não ser Paris?", declarou o Presidente francês durante as comemorações do 10 de junho no salão de festas da Câmara Municipal de Paris.

O primeiro-ministro português, António Costa, e a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, participaram também nesta cerimónia, que contou com a presença de 800 convidados portugueses, lusodescendentes ou com ligação a Portugal.

Os quatro condecorados com a Ordem da Liberdade receberam essa distinção cerca de sete meses depois de terem prestado auxílio a vítimas dos atentados de 13 de novembro em Paris.

Nessa noite, os quatro portugueses abriram os portões dos seus pátios para abrigar sobreviventes e ajudaram a prestar os primeiros socorros a dezenas de pessoas.

A Ordem da Liberdade destina-se a distinguir "serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e à causa da liberdade".

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