"Apelo": o último artigo de opinião de Mário Soares - TVI

"Apelo": o último artigo de opinião de Mário Soares

Morreu Mário Soares

Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias. Textos publicados em vários jornais foram, ao longo dos anos, reunidos em diversos livros

 Mário Soares publicou em 2015 o seu último artigo no DN, em que apelava ao voto nas legislativas no partido que fundou, o PS, deixando a promessa de “lutar por Portugal até ao último segundo de vida”.

A cinco dias das eleições, o líder histórico socialista, que morreu hoje, aos 92 anos, em Lisboa, pediu então aos portugueses que votassem no PS e em António Costa nas eleições de 04 de outubro para castigar a direita do PSD e CDS, partidos que acusou de devastarem Portugal “nestes últimos quatro anos e meio”.

“É inadiável, por razões patrióticas substituí-los. Não há outro caminho”, escreveu nas páginas do Diário de Notícias a 29 de setembro, dias antes das eleições ganhas sem maioria absoluta pelo PSD e CDS e que ditaram, depois, um governo do PS com o apoio de uma maioria de esquerda – PCP, BE e Verdes.

Para o ex-Presidente, era necessário “inverter a marcha para o abismo com o grave empobrecimento e a crescente irrelevância internacional de Portugal” a que, segundo argumentou, conduziram as políticas do Governo PSD/CDS.

Sei de experiência feita que o povo português demonstrou sempre que só é vencido quem desiste de lutar. E o povo português não desistiu”, escreveu ainda no artigo em que lembrava a sua idade, então com 90 anos, e a sua longevidade.

“Como é sabido, estou com 90 anos mas não abdico de lutar por Portugal até ao último segundo de vida. A longevidade e o meu percurso legitimam que neste momento me dirija aos meus concidadãos com um apelo”, argumentou, antes de fazer um apelo ao voto no PS de António Costa.

O Diário de Notícias foi apenas um dos jornais onde nos últimos anos regularmente publicou artigos, além do El Pais, em Espanha, escrevendo ainda textos para vários jornais na Europa.

Nestes artigos, Mário Soares abordou muitos temas, desde os problemas da globalização ao combate ao neoliberalismo, a cimeira da Terra, a estratégia antiterrorista ou a guerra do Iraque.

Os textos publicados nos jornais foram, ao longo dos anos, reunidos em vários livros como “Um Mundo Inquietante” (2003), “Em Luta por um Mundo Melhor” (2010), “Um Político Assume-se” (2011) e “Crónica de um Tempo Difícil” (2012).

Mário Soares morreu neste sábado no Hospital da Cruz Vermelha, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 7 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.

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