Covid-19 em Lisboa: Governo procura "desesperadamente encontrar respostas" - TVI

Covid-19 em Lisboa: Governo procura "desesperadamente encontrar respostas"

Coordenador da região de Lisboa e Vale do Tejo para a resposta à pandemia afirma que o Governo tem estruturas previstas para receber população com dificuldades socieconómicas que não tenham condições para cumprir o isolamento

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares esteve esta segunda-feira no Jornal das 8 da TVI. Duarte Cordeiro é também o coordenador da região de Lisboa e Vale do Tejo para a pandemia de Covid-19, numa altura em que essa é uma das zonas mais críticas da doença em toda a União Europeia.

O governante começou por referir que o executivo acompanha em permanência a evolução da situação epidemiológica no país, dando conta dos vários surtos espalhados pelo distrito de Lisboa.

A informação que nos é transmitida diz-nos que temos na região de Lisboa e Vale do Tejo um problema concentrado em alguns concelhos da Área Metropolitana de Lisboa", disse.

Relativamente à dificuldade em isolar os atuais surtos, Duarte Cordeiro refere que, em conjunto com os especialistas, o Governo tenta, de forma sistemática, perceber a raiz do problema: "Procuramos desesperadamente encontrar respostas".

Questionado por Miguel Sousa Tavares sobre qual seria a razão para o problema, Duarte Cordeiro afirmou que existem cadeias de transmissão ativas que "ainda não foram controladas".

O político prosseguiu com três exemplos, mencionando a existência de surtos controlados naquela mesma região, bem como na zona da Azambuja, onde o surto se deu em trabalhadores, e junto das empresas de construção civil.

Procurámos isolar os problemas. Na construção civil percebemos que a taxa de positivos sobre o número de testes realizados era o dobro do normal", acrescentou.

Como tal, o executivo tenta reforçar a capacidade de trabalho ao nível da saúde pública, bem como partilhar responsabilidade com as autarquias, nomeadamente no controlo do confinamento e do distanciamento social. Outras ferramentas consistem na ação das autoridades, e também na limitação dos ajuntamentos.

Grande parte dos casos em Lisboa e Vale do Tejo registam-se em comunidades com menores capacidades socieconómicas, que poderão ter uma maior facilidade em cumprir o isolamento. Neste caso, e segundo o secretário de Estado, o Governo tem várias soluções para responder ao problema: "Temos pousadas da juventude, do INATEL, a base militar do Alfeite".

Duarte Cordeiro explicou ainda que essas estruturas já estão a ser utilizadas por pessoas com dificuldades em cumprir as regras de segurança.

O trabalho de hoje é isolar rapidamente", afirmou.

Convidado a dar um prognóstico para os próximos quinze dias, o governante admite que, se for necessário, o Governo volta atrás nas regras sanitárias.

No total, e nos concelhos mais críticos, existem seis mil casos ativos, sendo que grande parte desses casos são de pessoas entre os 20 e os 49 anos, com a maioria das infeções a ocorrerem nos locais de trabalho ou em casa. No total, aquela área abrange uma população de cerca de um milhão de habitantes.

Sobre o timing das medidas, Duarte Cordeiro admite que se poderia ter começado mais cedo, mas que o essencial é adequar as respostas aos problemas que vão surgindo.

Se o problema persiste nestes territórios, temos de reforçar as respostas", vincou.

No que diz respeito à ocupação das unidades hospitalares, o secretário de Estado diz que este é um ponto positivo no caso português, tal como a redução do número de óbitos diários: "Podemos ter um problema num hospital, mas em rede nós não temos problemas. Continuamos muito abaixo daquilo que são as camas que temos ao nível dos cuidados intensivos".

Na região de Lisboa e Vale do Tejo já foram confirmados 18.977 casos de infeção por Covid-19, dos quais 468 resultaram em vítimas mortais. A subida destes números é explicada, sobretudo, pelos dados registados nas últimas semanas, com aquela região a sinalizar a grande maioria dos casos diários em todo o país.

Como medida de contenção, o Governo decidiu aplicar um plano nacional a três velocidades, colocando 19 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa em situação de calamidade. Nestas localidades estão proibidos os ajuntamentos acima de cinco pessoas, e existem muitas outras medidas restritivas aplicadas.

Os locais mais críticos são, nesta altura, os concelhos de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra.

Continue a ler esta notícia