Durão Barroso, que também foi primeiro-ministro de Portugal antes de assumir funções em Bruxelas, veio agora reconhecer o erro.
«Quando as missões vão aos países, vão funcionários, são técnicos. E é natural que os governos desses países queiram receber as próprias pessoas. Por isso, havia aqui um problema de dignidade institucional, porque aparecia aos olhos da opinião pública o governo, às vezes até o Primeiro-ministro, a falar com funcionários, que são pessoas sem dúvida muito competentes, mas que não têm a mesma dignidade institucional que tem o responsável democraticamente eleito», disse numa entrevista à TSF esta segunda-feira.
E, embora, já tenha terminado o seu mandato como presidente da Comissão Europeia, respondeu assim ao seu sucessor em modo de recado a Jean Claude Juncker, o primeiro a assumi-lo, em fevereiro.
«Isso é algo que talvez possa ser corrigido. Gostaria que fosse», desejou Durão Barroso, depois de, em Portugal, nos habituarmos a ver o senhor Poul Thomsen, o «senhor Olhos Azuis», diretor europeu do Fundo Monetário Internacional, à frente de uma comitiva de técnicos e a dominar as atenções nas reuniões com os governantes.
Sem funções políticas de momento, Durão Barroso, confessou que gostaria que o programa de ajustamento a Portugal não tivesse sido tão exigente, mas, por outro lado, não acha que existisse alternativa.
«Podemos, claro, discutir se o programa foi ou não foi demasiado exigente. Eu gostaria que tivesse sido menos, mas o dinheiro que os outros países puseram à disposição obrigava a um percurso num determinado período de tempo. E a verdade é que o objetivo do programa foi conseguido», citado da TSF.